A noção de intertextualidade – em que uma obra sempre faz referência a outra, que a antecedeu – é um dos conceitos por trás da exposição Dodó e Zezé, que o artista visual paulista Renato Hofer abre nesta quarta-feira, na Galeria de Artes do Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul.
No próprio nome da mostra, os mais atentos já identificam uma das referências, a música homônima do cantor e compositor baiano Tom Zé. Mas não é só isso: ela remete, também, à peça Esperando Godot, do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, em que os personagens Vladimir (Didi) e Estragon (Gogo) filosofam sobre diversos temas enquanto esperam por alguém que nunca aparece.
– Quando ouvi a música, pensei que poderiam ser os personagens de Becket conversando sobre o mundo contemporâneo, urbano. Isso tem muito a ver com a nossa realidade, em que se quer atuar, mas sente-se cerceado pelas macroestruturas – explica Hofer.
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Montar uma exposição é uma forma de ir contra essa situação, e o artista, aproveita para propor uma reflexão sobre estruturas que estão aí e aceitamos com um padrão, sem questionamentos. O tempo é um exemplo: é o que de mais caro se tem hoje, mas quanto mais mecanismos se cria para economizá-lo, mais se gasta, diz Hofer:
– Na mostra, eu proponho um tempo estendido, um tempo do ócio, que é algo que a gente exercita cada vez menos.
Exposição
Mostra "Dodó e Zezé", de Renato Hofer, abre nesta quarta no Ordovás
Artista visual referencia o dramaturgo Samuel Beckett e o músico Tom Zé
Maristela Scheuer Deves
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