O som do chicote (instrumento de percussão composto de duas pequenas tábuas que batem uma contra a outra), logo no início de Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior, de Maurice Ravel, dá uma pista: a peça, uma das três que serão apresentadas na noite desta quinta-feira na edição mensal do projeto Quinta Sinfônica, em Caxias do Sul, é intensa – e supreendente.
– É uma das obras mais eletrizantes para piano – define o solista convidado, o pianista uruguaio Miguel Lecueder Canabarro, destacando a mistura de barroco com virtuosismo, sem perder a identidade.
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E a identidade do concerto desta noite, em que a Orquestra Sinfônica da UCS (Osucs) será regida pelo maestro convidado Helder Trefzger, do Espírito Santo, é a da música francesa. O ponto alto é justamente a peça de Ravel, que, segundo o maestro, conjuga a modernidade da escrita do compositor com momentos de pura melancolia. Nela, piano e orquestra se integram e se completam em três movimentos: o primeiro, Allegramente, bem "francês" e vivaz, realça a percussão; o segundo, Adagio assai, mais lento, é introduzido numa suavidade idílica pelo piano e logo seguido pelos outros instrumentos (oboé e clarinete em destaque, indo ao limite numa cadência normalmente executada por flautas); e o terceiro, Presto, curto e animado, com piano executado de modo percussivo.
Danse – Tarantelle Styrienne, de Claude Debussy (originalmente escrita para piano mas apresentada em versão orquestrada, sem esse instrumento), e Sinfonia de Lá Menor, de Camille Saint-Saëns, completam o programa, e igualmente prometem encantar a plateia. Além do repertório em si, esta Quinta Sinfônica vale também ser conferida pelos seus convidados, ambos com vasta experiência internacional.
O maestro, atual diretor artístico da Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo, já regeu orquestras em Portugal, México, Polônia, Chile e Bulgária, entre outras, e integra a Academia de Letras e Música do Brasil. Com isso, Trefzger tem uma visão ampla o suficiente para avaliar a situação das orquestras brasileiras na atualidade:
– Nossas orquestras tiveram um crescimento grande nos últimos 10 anos, inclusive fora do eixo Rio-São Paulo. A qualidade vem subindo muito, e isso é percebido lá fora – analisa, acrescentando entretanto que ainda se tem um caminho longo a percorrer em termos de infraestrutura: – É preciso se reinventar todo dia, mas a gente faz isso com muito amor, com muito afinco.
O pianista, diretor do Conservatório Departamental de Música de Artigas, com passagem de 20 anos pela Espanha e apresentações em salas de concerto de mais de uma dezena de países no currículo, destaca que não há melhor ou pior no comparativo entre as orquestras europeias e latino-americanas. Entretanto, concorda que a infraestrutura por lá costuma ser de ótima qualidade.
Essa é a primeira vez que Canabarro e Trefzger apresentam-se em Caxias do Sul. O concerto é comemorativo aos 25 anos do projeto UCS Sênior.
Agende-se
O que: Quinta Sinfônica
Quando: nesta quinta-feira, dia 14h, às 20h30min
Onde: no UCS Teatro (Cidade Universitária)
Quanto: R$ 10 (público em geral) e R$ 5 (estudantes e idosos), na Loja Spaço Omini, na Galeria Universitária; na Livraria do Maneco, no Centro; e no Posto Deltha, em frente à prefeitura; na hora, conforme a disponibilidade (a bilheteria abre a partir das 18h)
Música clássica
Quinta Sinfônica terá pianista e maestro convidados, em Caxias
Osucs apresentará peças dos franceses Ravel, Debussy e Saint-Saëns
Maristela Scheuer Deves
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