<< LEIA TAMBÉM Internet é aliada no debate contemporâneo
Cansada de sentir na pele o machismo presente nas plataformas de trabalho, a designer caxiense Marina Procházka, 25 anos, criou um grupo fechado no Facebook e restrito a mulheres para trocar contatos profissionais. Em uma semana, haviam quase sete mil meninas no grupo e mais umas três mil na lista de espera para entrar. Só que a interação das meninas no grupo – batizado de Support Your Local Girl Gang (uma popular bandeira do feminismo) – começou a servir como plataforma para vários tipos de desabafos sobre abusos e agressões.
– A gente conseguiu perceber o quanto as mulheres não se sentiam ouvidas e representadas. Teve muita troca, muita coisa bonita rolando – diz Marina.
O grupo, no entanto, precisou ser bloqueado na última semana porque algumas pessoas estavam criando perfis falsos para ler as histórias, que muitas vezes nomeavam abusadores e agressores. Ao lado de um grupo de amigas, Marina quer lançar uma nova versão do Support Your Local Girl Gang nos próximos dias, desta vez com um controle maior sobre o conteúdo postado e focado especialmente no objetivo que ela já tinha antes: criar uma rede de profissionais mulheres que possam se ajudar em várias áreas.
Leia mais
ExpoBento terá atrações para todos os gostos em Bento Gonçalves
Banda God Save the Queen faz show em Caxias neste sábado
Lisana Bertussi é patrona da Feira do Livro de Caxias
A luta pela visibilidade feminina também faz parte da rotina da historiadora e artesã Pâmela Cervelin Grassi, 26. Ela pesquisa a história de mulheres caxienses, é integrante do coletivo local da Marcha Mundial das Mulheres, e ainda usa a moda para divulgar frases e figuras importantes do feminismo por meio da marca Marias Lavrandeiras, que administra com a irmã.
– Me perceber feminista foi um processo, mas já no espaço doméstico, com 13 ou 14 anos, via algumas contradições que acabavam colocando a mulher num espaço inferior. Por que sempre a irmã menina tem que lavar a louça? – questiona ela.
Confira as últimas notícias de Cultura e Tendências
Na organização da Marcha Mundial das Mulheres (fundada no Brasil em 2000), Pâmela tem o apoio de outras cerca de 30 jovens para organizar ações locais que despertem as pessoas para os conceitos do feminismo.
– A feminista não é um bicho como algumas acham, é apenas uma pessoa que quer ter relações melhores economicamente, socialmente e deseja não ser assediada – defende.
A militância também chega à música e, em Caxias, o rap do Visão Feminina funciona como um dos braços do coletivo feminista Elo Delas. Formado pelas MCs Vanessa Perini Moojen e Mariana Campos e pela DJ Ana Langone, o grupo circula por vários ambientes, entre eles a periferia, levando mensagens como "o meu cotidiano é uma luta, sou sempre julgada pela minha conduta. Mulher guerreira que nunca desiste, tropeça até cai, mas sempre persiste. Cuidar dos filhos, da família, trabalha o dia inteiro, do jeito que dá vai ganhando seu dinheiro. Faxineira, prostitua ou empresária, não desiste nunca, tá sempre na batalha".
– Legal é quando vemos que as pessoas se identificam, mas a palavra feminismo ainda é muito mal interpretada – diz Vanessa, 28.
>> SIGA NA MATÉRIA Morte de Simone de Beauvoir completa 30 anos