Em Caxias do Sul, a única telona que oferece opções de estreias cinematográficas além do circuito de blockbusters está ameaçada pelo futuro que se avizinha. Sem a digitalização, os lançamentos ficarão cada vez mais escassos na sala Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás.
- Ano passado já estava difícil (de conseguir cópias em película 35mm), mas este ano as coisas foram ao extremo. De mais ou menos uns 10 filmes que a gente seleciona para trazer para a sala, apenas um está disponível em película - aponta Conrado Heoli, coordenador da Unidade de Cinema e Vídeo da Secretaria da Cultura, responsável pela programação da Ulysses Geremia.
A previsão inicial seria de um investimento em torno dos R$ 200 mil para a mudança no perfil da sala. A secretária da Cultura, Rubia Ana Mossi Frizzo, enxerga a digitalização da Ulysses Geremia como uma necessidade, não exatamente como uma urgência:
- Estamos fazendo um planejamento com relação a isso, mas não para este ano. A intenção é para o ano que vem, mas precisamos trabalhar com algumas urgências que surgem na frente. Sabemos que daqui a algum tempo não haverá mais distribuição em película, mas, por enquanto, temos ainda a possibilidade de trabalhar, o público está sendo bem atendido.
Atualmente, o parque exibidor brasileiro se aproxima dos 50% de digitalização. De acordo com dados contabilizados até o final de 2013, o Brasil está atrasado em relação a outros países latinos como Chile (com 69% das salas digitalizadas), Colômbia (78%) e México (86%).
Em dezembro do ano passado, a rede Cinépolis (com salas em Caxias) anunciou a digitalização completa de seu parque exibidor, tornando-se a única 100% digital na América Latina. No GNC, duas salas já estão digitalizadas (aquelas equipadas para projeção 3D), e a conclusão está prevista para setembro. O Movie Arte, de Bento, deve entrar na dança do digital até outubro.
Muitas distribuidoras já extinguiram as cópias em película da sua linha de oferta aos cinemas. A Paramount, por exemplo, foi a primeira entre os grandes estúdios de Hollywood a anunciar que só lançará filmes digitalmente. Na Ulysses Geremia, filmes como Praia do Futuro, por exemplo, não integraram a programação justamente pela falta de suporte digital.
- Se não conseguirmos digitalizar, a sala se tornará obsoleta, vai ter possibilidade diminuta de passar lançamentos - lamenta Heoli.
Tecnologia
Sala de Cinema Ulysses Geremia, em Caxias, corre o risco de ficar obsoleta sem digitalização
Falta de estreias disponíveis no formato 35mm prejudica programação
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