A Sala de Cinema Ulysses Geremia estreia, nesta quinta-feira, o documentário A Vida não Basta. A produção de Caio Tozzi e Pedro Ferrarini será exibida pela primeira vez no Rio Grande do Sul, dentro da mostra Documento Brasil.
O filme busca inspiração numa frase do poeta Ferreira Gullar ("a arte existe porque a vida não basta") para fazer uma investigação sobre o universo da criação. Artistas de diferentes áreas conduzem olhares sobre a importância e significados da arte. Participam do longa, além do próprio Gullar, a atriz Denise Fraga, o escritor Milton Hatoum, o estilista Ronaldo Fraga, o cantor e compositor Toquinho, a cineasta Laís Bodanzky, o dramaturgo Leonardo Moreira e os quadrinistas gêmeos Gabriel Bá e Fábio Moon.
O filme fica em cartaz até domingo, com sessões às 19h30min (quinta e sexta), e 20h (sábado e domingo). Ingressos custam R$ 8 e R$ 4 (meia-entrada). O filme tem duração de 85 minutos e a classificação é livre.
Leia a entrevista que os diretores do filme, Caio Tozzi e Pedro Ferrarini, concederam ao Pioneiro:
Pioneiro: Como surgiu essa inquietação abordada no filme?
Caio Tozzi: Inquietação surgiu porque a gente é inquieto. Eu e o Pedro nos unimos como parceiros do projeto, desde o nosso encontro sempre pensamos como criar coisas diferentes, trabalhos de arte que pudessem transformar as pessoas. Entre os vários projetos que começamos trabalhar juntos, veio essa questão "por que será que temos tanta vontade de fazer arte?". Porque tem esse negócio do artista, um cara que faz existir uma coisa que não existe, o artista sempre está buscando caminhos para realizar algo... Um dia estava assistindo uma palestra do Ferreira Gullar, na Flip, e ouvi ele dizer essa frase (a arte existe porque a vida não basta). Nossa Senhora, pareceu com muita coisa da minha vida. Essa nossa inquietação deve ser porque essa tal vida não basta. Entre nossos projetos tínhamos ideia de fazer um filme sobre pessoas criativas, mas era um projeto que tinha um contexto ainda muito a ser definido, porque falar de criatividade, de arte é muito subjetivo. Quando descobri essa frase, muita coisa fez sentido para esse projeto também. Então, partindo dessa inquietação nossa, da descoberta da frase, e de colocá-la num projeto que já tínhamos em mente sobre criatividade é que surgiu o projeto.
Pioneiro: Foi difícil definir os entrevistados?
Pedro Ferrarini: A gente levantou várias questões, como de gênero, também pensamos em contemplar mais ou menos artistas do norte, do sul, tentando mapear um pouco. Também pensamos em abrangesse as sete áreas da arte. (...) A gente conseguiu um time que contemplasse pessoas importantes, mais experientes, menos experientes, mas que estão atuando no mercado e fazendo a arte acontecer, provando que assinam embaixo de que a vida realmente não basta para quem tem essa ânsia de mudança, de transformar, de ver a vida em terceira pessoa.
Pioneiro: Em algum momento vocês pensaram em colocar no filme alguém que não fosse artista?
Tozzi: Nosso foco eram os artistas mesmo. Nosso ponto de partida era, através do olhar dos artistas, falar dessas motivações para criara arte. Poderia ter ficado um filme só para quem é artista, só que no final a gente sentiu que, mais do que falar sobre arte, a gente fala de uma maneira de ver a vida. Acho que esse é o grande mérito do filme no final. A gente não tem nenhuma pessoa que não seja artista, mas tomamos cuidado em procurar esse time de pessoas que fossem genuinamente artistas, reconhecidas na área que atuam. Esses artistas são muito humanos, elas têm que apostar neles mesmos, quer alguma coisa mais humana que isso?
Como tem sido a receptividade do documentário?
Tozzi: Estamos circulando em cinemas independentes, o filme foi feito todo de maneira independente. A receptividade das pessoas têm sido muito bonita, com gente que queria ser artista terminando o filme com os olhos marejados e vindo dizer para gente "ah eu vou fazer o curso de escrita que estou há anos esperando". Várias situações interessantes, até quem não tem essa vocação, dizer que ficou pensando "que momento da minha vida eu criei, que momento eu fui artista? Nesse ponto o filme cumpre, sem dúvida, o papel dele, que é tocar e transformar e, na verdade, mostrar que a vida não basta. A vida pode ser ressignificada através do que você cria, não necessariamente por uma obra de arte, mas por uma forma de ver a vida.
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Leia entrevista com os diretores do documentário que estreia em Caxias nesta quinta
'A Vida Não Basta' fica em cartaz até domingo, na sala Ulysses Geremia
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