
O Talian é um idioma praticado entre os descendentes de italianos na Serra e em muitas outras parte do Brasil, além de regiões específicas da Itália. Com lançamento previsto para o segundo semestre, o documentário Brasil Talian, dirigido por André Costantin, mostrará um pouco desta saga em torno da língua falada pelos descendentes.
O tema também é caro à doutora em Letras Marley T. Pertile, que trabalhou no projeto que derivou na decretação do Talian como Língua de Imigração. Ela também coordenou o projeto-piloto sobre o Inventário do Talian em todo Brasil (IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional/Ministério da Cultura em parceria com a UCS/RS, 2010).
Segundo a pesquisadora, foi a partir do ano de 2006, com a realização do Seminário sobre a criação do Livro das Línguas, em Brasília, com o apoio do IPHAN, da Câmara dos Deputados e do Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística (IPOL), que se iniciaram as articulações para a realização do levantamento da diversidade linguística brasileira.
Já como resultado, em dezembro de 2007, na Câmara dos Deputados, em Brasília, ocorreu a Audiência Pública da Diversidade Linguística do Brasil, tendo como pauta a discussão do multilinguismo brasileiro visto sob a ótica da política de promoção e salvaguarda do patrimônio cultural imaterial.
Consequentemente a esse processo, que previa a escolha de "língua-piloto" para o projeto de testagem de metodologia do inventário, ou seja, "uma língua que tenha relevância para a memória e identidade dos grupos que compõem a sociedade brasileira, que seja veículo de transmissão cultural e falada no território nacional há pelo menos três gerações", tem-se aprovado o projeto de inventariamento do talian como representante pioneiro para as línguas de imigração.
Na escolha, considerou-se, também, as orientações da Unesco, quando descrevem que uma língua está em perigo quando se encontra o caminho da extinção, e que, sem uma adequada documentação, a língua que está extinta, jamais poderá ser revitalizada.
É importante lembrar que uma língua se extingue não quando morre o último falante, mas quando cessa a transmissão intergeracional, ou seja, quando a família deixa de transmitir a língua de origem a seus filhos, o que vem ocorrendo com o talian e com as demais línguas de imigração, com raras exceções.
Vale lembrar, que a escolha da língua talian para a testagem, dentre as demais línguas de imigração, deu-se por ter sido a primeira língua de imigração com pedido de reconhecimento (2001) encaminhado ao IPHAN, pelos seus representantes, do Rio Grande do Sul. Foram parceiros na organização e execução deste o Instituto Vêneto e a Universidade de Caxias do Sul, através do Grupo de Trabalho (GT) do Talian, sempre observando as linhas gerais propostas pelo IPHAN.
Palavras representativas
Diferentemente do trabalho de pesquisa com a listagem das 200 palavras em talian (exigência do relatório para todas as línguas que serão inventariadas), foi o levantamento realizado com a escolha das 15 palavras mais representativas da cultura italiana.
O que se pretendia com esse levantamento era não somente listar palavras comuns a todas as línguas, mas sim identificar quais seriam aquelas próprias da região em estudo, de fala do talian.
O resultado do levantamento encontra-se na relação abaixo:
Palavras que representam a cultura do talian:
1) Nono/nona (avo e avó)
2) Laorar (trabalhar)
3) Vin (vinho)
4) Polenta
5) Magnar (comer)
6) Mama (mamãe)
7) Estrucon (abraço forte)
8) Filó (encontros de famílias à noite nas casas)
9) Fròtole (conversa)
10) Faméia (família)
11) Formàio (queijo)
12) Gràssie (obrigado)
13) Pupà (papai)
14) Dio (Deus)
15) Avanti (a diante)