Mulheres perfeitas que estampam as capas de revistas e os anúncios publicitários são responsáveis por gerar admiração e frustração quase na mesma medida. Quem se dedica a buscar esse padrão de beleza percebe o quanto ele é inatingível. Por outro lado, aquelas que assumem cabelos brancos, rugas ou formas exuberantes podem sentir uma espécie de libertação.
Para se ter uma ideia, o estudo global A Real Verdade sobre a Beleza, elaborado pela Dove há 10 anos, com 3,2 mil mulheres entre 18 e 64 anos, de 10 países, descobriu que apenas 4% definem-se como belas. No Brasil, o percentual é maior, 14%. A maioria das entrevistadas acredita que a sociedade espera que as mulheres aperfeiçoem sua atratividade física.
Segundo a professora da Feevale Denise Castilhos de Araujo, que participa do grupo de pesquisa Cultura e Memória da Comunidade, quando uma mulher não segue esse padrão, como pintar o cabelo branco, pode ser taxada de relaxada.
- E nem todas querem se impor contra todas as outras, nem querem bancar essa ideia - afirma.
Mas para Lucimar Maitelli, 55, a Luci do Zarabatana, os longos cabelos grisalhos refletem uma elaboração interna, manifestada no exterior. Ela não corta nem pinta as madeixas há anos, e elas já se tornaram expressão de identidade.
- A raiz branca (do cabelo) é a existência, é a vida que está atuando - diz. - Não se pode pensar que acabou a tinta, acabou a beleza - comenta.
Luci encontrou o equilíbrio fazendo escolhas que a deixassem confortável, recusando um padrão que não reconhece.
Comportamento
Reportagem do Almanaque discute padrão feminino de beleza
Apenas 4% das mulheres no mundo se consideram belas
Tríssia Ordovás Sartori
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