O escritor Paulo Ribeiro, 54 anos, autografa neste sábado, às 10h, na Livraria Do Arco da Velha, seu segundo livro de poesia e o 14º da carreira. Trata-se de O Passo do Socorro, que consolida um reencontro com a poesia após um intervalo de praticamente 30 anos. A primeira reaproximação foi com As Luas que Fisgam o Peixe, de 2007, mas agora ele redescobre de vez a paixão pelo gênero.
- Sinto-me mais produtivo fazendo poesia. É muito mais difícil e desafiador - justifica Ribeiro, autor firmado pela prosa seja em romances, ensaios, novelas, crônicas e até um livro em palíndromo (com frases que têm o mesmo sentido se lidas de traz para frente).
Leitor antigo de Mario Quintana e Carlos Drummond de Andrade, Ribeiro já havia publicado poemas em coletâneas originadas de concursos literários em Porto Alegre, entre elas a Rascunhos Poéticos, organizada nos tempos de estudante de Jornalismo da Famecos (PUCRS), em 1984, e o concurso Mario Quintana de Poesia, de 1986. Também teve versos publicados em uma coletânea lançada pela extinta editora Shogun, de Paulo Coelho. Àquela época, aos 25 anos, Ribeiro recém conhecia a obra de quem viria a se tornar seu poeta preferido e potencialmente influenciável, o português Herberto Hélder.
- Foi com Hélder que percebi que o inimaginável, o inacreditável, pudesse ser escrito.
O Passo do Socorro tem inspiração em Hélder e também na trajetória de vida de Ribeiro, no (des)conforto dos apaixonados e na busca pelo sentido da existência. Reúne tanto poemas recentes como oriundos do blog Vitrola dos Ausentes, criado em 2007. São poesias, em sua maior parte, fraseadas, questionadoras, escritas em uma narrativa mais solta, descompromissadas com métrica, rima e formato. "Por que os poetas, os primos pobres das artes, têm tanta credibilidade?/ Falam do nada, têm os pés fora do chão, no entanto, transpiram aquela fagulha de Verdade que não se concede ao orador mais lúcido, ao estrategista mais admirável...", escreve. A obra é dividida em três cadernos. Essa divisão o poeta tem a preferência em explicar:
- O primeiro, O Passo, trata da realidade, do factual, das coisas tangíveis. O segundo, Dos Amores, fala sobre a capacidade que temos de criar, inteligentemente, estratégias para sobreviver, entre elas o amor. A gente se apaixona para dar sentido à vida. O último caderno é O Socorro, que é o que sobra, a faísca, as migalhas da nossa reflexão.
Todos os versos são introduzidos por desenhos, de autoria de Ribeiro. Muito dos traços, confessa o autor, foi aprendido durante a convivência dele no atelier do artista plástico Iberê Camargo (1914-1994) - vale lembrar que Ribeiro publicou em 1996 o romance biográfico Iberê, livro indicado ao Prêmio Açorianos de Literatura, assim como foi Vitrola dos Ausentes, três anos antes.
- No caso de O Passo do Socorro, muitas vezes o desenho veio antes, inspirou a poesia. Meu desenho expressa o que eu escrevo - diz o poeta, que se considera um ermitão dentro do universo literário gaúcho e brasileiro, principalmente por não pertencer a nenhuma escola ou grupo específico de escritores.
- Se tenho possíveis virtudes como escritor elas são a minha criatividade e minha inventividade, e o fato de eu ter mapeado Bom Jesus no mapa literário brasileiro _ comenta, em um tom de humildade e orgulho.
O que: lançamento de O Passo do Socorro, livro de poesias de Paulo Ribeiro (Ed. Belas-Letras, 148 págs., R$ 24,90)
Quando: sábado, dia 12, das 10h às 12h
Onde: Do Arco da Velha Livraria e Café (Dr. Montaury, 1.570 - Centro)
Literatura
Paulo Ribeiro lança neste sábado, em Caxias do Sul, seu segundo livro de poesia
'O Passo do Socorro' é a 14ª obra da carreira do escritor
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