Nesta segunda-feira tem festa no Mississippi Delta Blues Bar. São dez anos da casa. Uma década de ativismo e paixão pelo gênero que virou algo como vida e obra do caxiense Toyo Bagoso. Em 2003, depois da primeira viagem pelo Delta do Mississippi, nos Estados Unidos, ele começou a aventura que ancorou na esquina do Largo da Estação, em Caxias, e, breve, abre filial na região mais em alta no Rio de Janeiro, o Porto Maravilha, junto à Praça Mauá, no centro histórico carioca. Na memória, ecos do blues: a fachada sem o deck, o primeiro show internacional com James Wheeler. Isso e muito mais....
– Eu não acreditava que minha paixão viraria um ofício. Conheci o blues através de um dos primeiros músicos a montar uma banda de blues no Brasil, Marcelo Vilella, da Doctor Blues. Aprendi a tocar harmônica com o pioneiro da gaita blues no país, Flávio Guimarães. Eles me deram a base para despertar interesse e coragem para partir, aos 31 anos, ao Delta do Mississippi em busca de conhecimento. Hoje a ponte entre o Mississippi Delta americano e o brasileiro está cada vez mais curta – relembra Bagoso.
À moda dos juke joints americanos, tanto na música quanto na gastronomia, o “Missi” começou acanhado, entre uma locadora e uma loja de roupas. Mas cresceu...
– Hoje fazemos parte da história do blues que iniciou no Estado. Temos uma pequena parcela na preservação, perpetuação e propagação desta história e dos princípios sociais que a criaram. É quase uma religião. Nosso maior patrimônio são os músicos que passam pelo nosso minúsculo palco – diz.
A história e a trajetória serão festejados com a Blues Etílicos (no meio, à esquerda), o norte-americano Super Chikan (no meio, à direita) e, claro, aquele clima todo.
– O shows iniciam às 21h30min. Vamos decidir a ordem de uma forma democrática, que não será anunciada. Vale a surpresa, já que se trata de uma festa. Certamente, o gran finale será com as duas bandas se misturando no palco do Mississippi. Afinal, esta é a proposta do blues, a interação. Pela quantidade de músicos que prometem vir, a jam session está garantida. Temos confirmadas vans vindo de Porto Alegre, Bento, Lajeado e São Chico – anima-se o empresário.
A década festejada desafia os projetos para o futuro. Como serão, portanto, os próximos anos?
– Imprevisíveis!! Veja como foram estes dez primeiros anos... Aconteceu de tudo. Espero que sejam mais lineares, mas não com menos emoção. Estou otimista com a revitalização da Estação, acreditando numa intervenção maior da prefeitura no direcionamento daquela área para o lazer e entretenimento, com enfoque na diversão pacífica – diz Toyo, falando também sobre a filial carioca do bar:
– O bar no Rio é um sonho antigo. Lá também estamos numa área de revitalização. Estamos indo passo a passo, porém com a proximidade do Mississipi Delta Blues Festival temos que voltar as atenções novamente para a nona edição. As obras no Rio não param e, em dezembro, as forças se intensificam.