As gurias poderiam ter seguido o caminho convencional de buscar emprego ao concluir a faculdade, mas optaram por fugir à regra e abrir o próprio negócio. Luiza Rigotto Conte, 23 anos, e Talitha Bossardi, 18, compartilham a experiência de serem independentes. Desde fevereiro, elas comandam o Ufa! Instituto de Arte e Cultura, um ambiente repleto de propostas criativas, modalidades artísticas e com muita inspiração e transpiração.
Luiza, professora de dança, formada em Educação Física e pós-graduada em Psicologia Positiva, filha de Ricardo Furtado Conte e Andremara de Cássia Rigotto, é bailarina desde os três anos, e aos dois se mudou da Serra para o litoral norte gaúcho, onde permaneceu até os oito. Ainda nessa tenra idade, embalada pelas ondas do mar, desenvolveu o gosto pelo movimento e pela arte.
— Minha mãe foi professora de alfabetização, é formada em Educação Física e abriu sua própria academia de ginástica. Cresci nesse ambiente. A parte curiosa é que, por mais que eu ame dançar, nunca tive o desejo de seguir a profissão de bailarina ou fazer parte de grandes companhias. Tinha, sim, o desejo de "mudar o mundo", e não vislumbrava o "ser bailarina" como algo que fosse me levar a isso, pois me via atuando na área criativa, no desenvolvimento de coreografias e espetáculos, e também no ensino — conta Luiza.
A carreira dela se iniciou como monitora de turmas infantis em uma escola de dança em Porto Alegre. Aos 18 anos, assumiu sua primeira classe e, desde então, passou por seis instituições, até conquistar seu próprio espaço.
Com pais empreendedores, Luiza encontrou neles segurança e incentivo para realizar seu sonho de adolescente. Parte desse estímulo, ela percebeu durante uma imersão de dez dias que protagonizou em Los Angeles, cidade reconhecida por pulsar cultura e arte nos Estados Unidos.
— Vi muitas pessoas desistindo da arte e isso sempre me comoveu muito. A solução era abandonar ou ir embora do Brasil e buscar oportunidades em outros lugares que valorizassem mais a cultura. Não queria ser aquela que partiu por falta de oportunidade, mas sim a que criaria novas perspectivas — evidencia Luiza.
Talitha também começou ainda menina a dar os primeiros passos que moldaram sua personalidade e seu potencial profissional.
— Toda criança, quando ouve uma canção, encontra alguma maneira de expressar aquele sentimento que a música narra. E comigo não foi diferente — relembra a filha de Sandro Bossardi e Viviane Adélia Marcarini Bossardi.
A estudante de Educação Física nunca idealizou empreender, mas sempre esteve insatisfeita com o que o mundo da dança oferece.
— Concluí que muitos artistas conhecidos rumavam um caminho paralelo: tornavam-se professores e paravam de dançar, e eu desejava conciliar os dois. No Ufa! Instituto de Arte e Cultura, que tirei do papel em parceria com Luiza e o casal de amigos e incentivadores Roni Passos e Suelen Luchezi Passos, ela também apaixonada pelo mesmo universo. Hoje sou capaz de realizar as duas coisas — reflete.
Ela confessa que sua motivação diária é a realização do sonho que se concretizou: o Ufa! Instituto de Arte e Cultura, é uma realidade completa. Lá, existe dança, teatro, música, técnicas circenses e espaço de convivência, onde há muita troca de ideias.
— Percebemos a cada dia a importância que alcançamos com a escola e todos os ideais que ela propõe. É um poder de transformação gigante. Esse é o nosso propósito, o legado que queremos deixar. Poder ser uma agente transformadora, criar oportunidades e mostrar que os caminhos existem — finalizam.
RAIO-X DE PERSONALIDADE:
Luiza por Talitha: "Tali, o que faltou eu fazer da lista?"
Talitha por Luiza: "Tu tirou teu tênis?"
Para empreender, é necessário… coragem para acreditar na ideia e depois para por em prática. Coragem para assumir o que não se sabe e aprender. E, acima de tudo, coragem para inovar.
Aprender é... uma constância.
Um momento de arte inesquecível:
Luiza: o espetáculo Cão sem Plumas, da Deborah Colker. Deu uma virada de chave na minha cabeça sobre possibilidades e caminhos que a arte e a dança podem seguir.
Talitha: o filme Era 22, da Dullius Dance. Vi muito sentido em cada detalhe e tudo se encaixou com a reflexão final. Além disso, me fez repensar os atos rotineiros em relação ao planeta.