Eu gostava de xaropes. Isto é, daquele líquido medicamentoso, geralmente adocicado, com finalidades terapêuticas, que minha mãe me alcançava equilibrando na colher quando era criança e pré-adolescente. Desde então, simpatizo com xaropes porque remetem à infância, aqueles dias luminosos que antecederam tudo o que viria depois. Gostava porque tinha aquele gosto adocicado, que não é tão comum ao sabor de muitos medicamentos. E o gosto dos remédios sempre era uma inquietação. Nunca se sabia a experiência que estava por vir. Mas, quando era um xarope que as mães manejavam para combater a tosse ou qualquer mal-estar, havia um certo alívio, pois a tendência era ser aceitável ao paladar.
Opinião
Ciro Fabres: Xarope
Parece não haver dúvidas: o corona é um vírus xarope
Ciro Fabres
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