Falar sobre o relho é algo que está contaminado pelo ambiente político. Alguém manuseou o relho para agredir, para submeter, para subjugar. Existe uma foto reveladora, uma foto definidora, sem contestação. Um dos lados manuseou o relho, e houve quem manuseasse arma, pedra e ovo, assim como o outro lado já manejou a foice. Não pode, a não ser na excepcionalidade de um recurso extremo como legítima defesa. Pois não importa a contaminação política. É preciso falar sobre o relho, ou o rebenque, variação do relho recuperada pela fala da senadora Ana Amélia. Relho e rebenque são apetrechos empregados, em tese, para açoitar animais. Também em tese, com alguma finalidade relacionada às lides campeiras. No tempo da escravidão, mas não só naquele tempo, eram usados para açoitar pessoas. Apesar da finalidade que pode ser desvirtuada sem muito drama de consciência, são elementos importantes de nossa cultura regional, quando atrelados ao universo do trabalho. Pois foram alçados aqui no Estado à condição de argumento político. Estarrecedor, mas há muita gente orgulhosa da destreza de quem manejou o relho para atacar alguém, como mostra a foto que eternizou a performance em pleno março de 2018, pela singela razão de que o outro pensa diferente. Para sufocar diferenças, o relho. Eis a materialização do relho como argumento político.
Opinião
Ciro Fabres: o relho
Muita gente está está exultante com o jeito gaúcho de ser, que maneja relhos para enquadrar diferenças
Ciro Fabres
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