Sob todos os ângulos pelos quais se pode examinar, a decisão de não realizar a Festa da Uva em 2018, anunciada pelo conselho consultivo na semana passada, não se sustenta.
Primeiro, tem a questão de desenvolvimento estratégico para a cidade. A matriz é o setor metalmecânico, mas há consenso de que é necessário diversificá-la, e o turismo é uma alternativa importante. Sempre se disse isso. Porém, a não realização da Festa golpeia o turismo. Gente que viria para visitar a cidade não vem. Qual a lógica?
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A movimentação da economia em época de Festa é grande, significativa. Ela desenvolve a cidade, traz muitos recursos para os segmentos da hotelaria, bares, restaurantes, agências de turismo, comércio, por aí afora, que se espalham pela economia toda. A estimativa é de uma atração de cerca de R$ 150 milhões. E ainda há os empregos temporários que a Festa gera. E os produtores de uva têm mercado para 200 toneladas da fruta e retorno financeiro garantido, bem como visibilidade para a produção.
Vamos falar de recursos públicos. Na edição passada, a prefeitura colocou R$ 3,9 milhões na Festa da Uva. Deu o que falar, especialmente porque esse valor maquiou a contabilidade. Aí ficou ruim. O ideal é que não precise reservar recursos públicos, que a Festa se sustente por si. Mas o valor colocado na Festa corresponde a 0,2% do orçamento atual. Isto é: divida-se o orçamento em 500 pedaços de R$ 3,9 milhões, e apenas um deles seria colocado na Festa da Uva. Se não for possível garantir pagamento da folha, manutenção, educação e saúde com os outros 499 pedaços, então fica difícil.
Quer dizer: você coloca tudo isso em um dos lados da balança, isso pesa. São argumentos mensuráveis, objetivos, concretos. E ainda tem a festa propriamente dita, a celebração à produção e à cultura, que festejar é muito bom. Tem o reforço à estima da população, o reforço à identidade. Tudo isso não tem preço.
Do outro lado, diz-se que é preciso dilatar o prazo, o tempo, para renovar a Festa, para fazer uma festa grandiosa em 2019, para reestruturá-la e até criar programações para os anos em que não há Festa da Uva. Respeitam-se os argumentos, mas essa é uma ideia vaga, que precisa ser testada, e que poderia ser testada sem que houvesse a alteração do calendário.
Sob todos os ângulos que se olha, é difícil entender a cidade sem a Festa em 2018.
Coluna digital
Ciro Fabres: os muitos ângulos da Festa da Uva
Sob as diversas perspectivas que se observa, fica difícil entender a cidade sem Festa em 2018
Ciro Fabres
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