Chama atenção, outra vez, como a história se repete. As manifestações deste domingo foram, centralmente, contra a corrupção. Esse é o recado da população há muito tempo, mas ela nunca é ouvida. Valendo-se desse anseio legítimo, uma angústia geral, intrometem-se, como dizia Leonel Brizola, "outros interesses".
Desde a campanha anticorrupção sintetizada pelo "mar de lama" de que era acusado Getúlio Vargas, passando pela vassoura de Jânio Quadros, o episódio Fernando Collor, do caçador de marajás aos caras-pintadas, e agora outra vez, o clamor é contra a corrupção. A deposição de João Goulart e a chegada dos militares ao poder têm o fator adicional do combate ao comunismo.
Os desfechos variam: o suicídio, a renúncia, o golpe, o impeachment. O desfecho de agora está por ser escrito, se haverá ou não. Mas os partidos, em geral, não ouvem a voz das ruas, e negligenciam no controle à corrupção. É fatal. O PT está experimentando na carne.
Os perfis de cada episódio têm semelhança. Uma vez mobilizada a população em torno do combate à corrupção, começa um desenrolar político em que os tais "interesses" de Brizola estão fortemente em jogo. Ainda não apareceu um partido capaz de ouvir o clamor das ruas contra a corrupção. E a história torna a se repetir.
Política
Mirante: partidos não ouvem clamor
manifestações deste domingo foram, centralmente, contra a corrupção
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