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Um dos cargos cada vez mais presentes nas vinícolas é o de diretor de enoturismo. No grupo Miolo quem desempenha esta função é Cristian Corbelini, 32 anos. O enólogo cuida de toda a estrutura de visitação no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves, no Vale do São Francisco, na Vinícola Terranova, na Bahia e, desde a semana passada, também no recém-inaugurado receptivo turístico da Vinícola Almadén, em Santana do Livramento, na Campanha Central.
Corbelini é natural de Bento Gonçalves, mas, na verdade, é de Santa Tereza. É que o município da Serra, de 1,7 mil habitantes, nem era emancipado.
— Imagine que, às vezes, a gente recebe aqui na Miolo, em um dia, a população da cidade que eu nasci —compara.
Logo que concluiu a formação de enólogo, foi trabalhar no grupo. Procurava um lugar para estágio, mas não tinha vaga na cantina. Então, foi para o varejo da companhia, há 12 anos.
— Na época, era muito mais tímido e eu teria que conversar com muitas pessoas, mas aceitei o desafio e percebi que era algo que me encantava, repassar informações, compartilhar experiências. Nos primeiros anos, eu mais aprendia do que ensinava, porque vinham pessoas que já tinham conhecido vinhedos de vários lugares do mundo — recorda.
O enólogo chegou a trabalhar no setor de vinificação, mas, a partir de 2015, as experiências que aliou de ponta a ponta na vinícola o credenciaram a se tornar diretor de enoturismo da Miolo, no Vale dos Vinhedos, região que recebe, em média, mais de 400 mil visitantes por ano. Cinco anos depois, foi promovido a supervisor de todas as unidades com turismo. Ele nem imaginava que seria incumbido, pelo diretor-superintendente, Adriano Miolo, a começar do zero o projeto de enoturismo na Campanha.
Hoje, Cristian coordena 34 pessoas espalhadas nas regiões que a Miolo tem unidades produtivas. Todo o enoturismo da marca resulta na recepção de cerca de 300 mil pessoas por ano. A maior parte, em torno de 200 mil visitantes, está no Vale dos Vinhedos. A projeção é de que o novo destino turístico da vinícola, em Santana do Livramento, atraia 100 mil/ano.
— Antigamente, o pessoal queria produzir e vender para mercado, restaurantes... E quem ia fazer o atendimento do visitante era o dono, o enólogo ou alguém da família. Eles não viam como um negócio. Agora isso se tornou algo com uma abrangência gigantesca. Essa figura de diretor de enoturismo está cada vez mais frequente nas grandes vinícolas. E, daqui a pouco, também nas pequenas.
O enoturismo da Miolo representa hoje 10% do faturamento do grupo com projeções de chegar a 15% com o investimento de R$ 3 milhões feito na Almadén.
O enólogo que assumiu o papel de receber as pessoas também vai tocar em paralelo um projeto de vinificação. Está montando junto com dois amigos uma pequena vinícola com vinhedos em Santa Tereza. Os vinhos serão tintos, principalmente Tannat.