A manifestação dos caminhoneiros, em sinal de protesto contra o aumento sucessivo no preço do diesel, preocupa as empresas da Serra justamente num momento de retomada da economia, após três anos de crise econômica.
O impacto vai além do desabastecimento de combustível nas bombas, que se intensificará a partir desta quinta-feira. No Posto São Pelegrino, em Caxias, o estoque terminou ainda nesta quarta-feira, dia em que as revendas registraram grande demanda de abastecimento. À noite, muita gente enfrentou fila com receio de amanhecer de tanque vazio.
A greve dos caminhoneiros já imobiliza empresas em função da escassez de matéria-prima e dificuldades de entrega de produtos. A unidade 2 da Agrale, em Caxias, suspende as atividades nesta quinta e sexta por falta de insumos.
Outras companhias avaliam a extensão da manifestação e alternativas para contornar a situação, sem descartar cessar o expediente. O bloqueio das estradas já afeta a distribuição das duas maiores cooperativas de laticínios da Serra. Parte da frota de caminhões que distribui os produtos prontos da Santa Clara, de Carlos Barbosa, e da Piá, de Nova Petrópolis, está parada. As empresas também encontram percalços para receber leite dos associados.
A fábrica da General Motors, em Gravataí, suspendeu a produção na terça-feira, já que as mobilizações estão refletindo em fluxo logístico, na falta de componentes e na dificuldade de distribuição de veículos à rede de concessionárias.
A Cooperativa Central Aurora Alimentos comunicou que paralisará totalmente as atividades das indústrias de processamento. No Rio Grande do Sul, três unidades serão afetadas – duas em Erechim e uma em Sarandi.
Se os protestos de caminhoneiros se estenderem — nesta quinta-feira entram no quarto dia —, os riscos são grandes de comprometer de forma crucial o abastecimento de vários setores, prejudicando contratos. Isso pode causar um efeito-dominó e uma escalada de preços (leia-se inflação) pontual em produtos que escassearem.
Em carta, a CIC de Caxias afirma que "o protesto contra a alta dos combustíveis é justo e compreensível, mas não dá para aceitar o bloqueio das estradas em respeito ao direito de ir e vir dos cidadãos, nem tampouco tolerar o uso da violência."
O presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Porcello Petry, entende que manifestações são legítimas, porém não devem comprometer o fluxo de cargas e de pessoas. "O bloqueio das estradas agride o direito constitucional assegurado de ir e vir das pessoas no Brasil", declara.
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