Paulo Bellini despede-se do mercado empresarial, social e esportivo no qual era tratado como uma espécie de “guru”, deixando como legado a alegria de viver, a preocupação com os trabalhadores, a generosidade em estimular novas lideranças, o bom humor e a rapidez de raciocínio.
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Por isso, a última grande lembrança de um dos fundadores da Marcopolo, transformada num império de ônibus com presença mundial, foi a de sua festa de 90 anos, em janeiro deste ano, no Centro de Eventos da Festa da Uva. O convite já dava o tom da celebração em alto estilo para 800 convidados, com irreverência: "Em um ano, a Terra dá uma volta ao redor do Sol. Quando eu completar noventa voltas, quero estar em boa companhia."
A generosidade com as causas sociais coroaram o momento. O presente sugerido? Depósito ou doações ao Lar da Velhice São Francisco de Assis. A cerimônia foi embalada por músicas italianas, com repertório entregue impresso para que familiares, amigos, empresários, trabalhadores e lideranças pudessem cantar em coro junto ao aniversariante, que transformou-se em “tenor”, acompanhado pelos cantores do Musical Abertura.
– Estou muito feliz por ingressar nesta agradabilíssima nova fase da minha vida – declarou no discurso, emocionando os presentes.
Amigo de Bellini, de quem foi colega na escola La Salle Carmo, o ex-senador Pedro Simon avalia que a inesquecível comemoração teve tom de despedida.
– O aniversário dele foi a coisa mais linda. Quando ele foi no palanque e começou a cantar as músicas do folclore italiano que ele conhecia da mãe e todo mundo cantando junto, aquelas pessoas se abraçando nele e aquela humildade. Parece que ele estava se despedindo – recorda Simon.
Sem Paulo Bellini, possivelmente não haveria a Marcopolo. Sem a Marcopolo (e seus 12 mil empregos no mundo, sendo 8 mil no Brasil), provavelmente Caxias do Sul não seria a força econômica que é. Bellini deixa profundas marcas empresariais, sociais e humanas. Um exemplo, uma inspiração, um ícone.
Caxias do Sul será eternamente grata, Paulo Bellini.