Uma mulher de 37 anos foi presa em flagrante na noite de sexta-feira (22) por injúria racial contra um adolescente de 16 anos. Os dois eram colegas em curso na Escola Estadual de Educação Profissional João de Césaro, em Passo Fundo. O nome da mulher não foi divulgado pela polícia.
Conforme relato no primeiro boletim de ocorrência, feito pelo pai do adolescente na terça-feira (19), o desentendimento começou em uma aula do curso de informática na segunda (18), quando um terceiro colega teria colocado um caderno da mulher sobre a mesa dela.
No registro consta que, quando a mulher percebeu a movimentação, disse que teriam mexido na sua mochila, olhou para a vítima e falou que "vocês são acostumados a roubar". No boletim, o adolescente, que é negro, disse que a mulher insinuou uma justificativa para o suposto roubo a partir da cor de sua pele.
Na terça-feira, quando o boletim foi registrado, o adolescente relatou que as ofensas continuaram assim que o jovem chegou à escola. A mesma mulher teria dito que o estudante é "vileiro" e que devia "roubar na vila e não na sala de aula".
Um segundo boletim de ocorrência foi registrado na sexta (22), desta vez pela Brigada Militar, que foi chamada depois de a mulher supostamente ameaçar e cometer injuria contra o estudante. Em depoimento, o adolescente afirmou que a mulher tentou acertá-lo com uma garrafa térmica quando a turma voltou do intervalo.
Na sequência, ela teria o insultado com ofensas de cunho religioso. O jovem, então, denunciou o ocorrido à direção da escola, que chamou a Brigada Militar. Quando os policiais chegaram, a mulher estava saindo da instituição, desrespeitou a ordem de abordagem e tentou fugir do local.
Dois policiais feridos
No boletim de ocorrência, os policiais relataram que a mulher estava "alterada", instigou as pessoas presentes e proferiu ofensas contra eles. Dois policiais, um homem e uma mulher, ficaram feridos ao serem agredidos pela mulher durante a abordagem.
O registro diz, ainda, que foi preciso usar arma de choque, gás de pimenta e chamar outra guarnição para contê-la. Na bolsa dela, os policiais apreenderam uma marreta de ferro.
Por fim, a mulher foi conduzida à 2ª Delegacia de Polícia de Passo Fundo, onde recebeu ordem de prisão em flagrante por injúria racial, ameaça, preconceito religioso, desacato, lesão corporal e resistência.
Ela segue detida no Presídio Regional de Passo Fundo neste sábado (23) e deve ser representada pela Defensoria Pública, que aguarda o recebimento do processo e audiência de custódia para eventual manifestação sobre o caso.
Injúria racial é crime no Brasil e abrange ofensas por conta da cor da pele, ataques à honra de uma pessoa específica por conta de etnia, religião, nacionalidade, e, mais recentemente, contra pessoas da comunidade LGBT+. De março de 2023 a fevereiro de 2024, a Polícia Civil registrou 1.241 casos de injúria racial motivados pela cor da pele no RS, índice que representa um crime do tipo a cada sete horas.