Correção: o governador do Rio Grande do Sul em 2020 era Eduardo Leite, e não José Ivo Sartori, como publicado entre as 5h01min e as 11h26min do dia 2 de outubro.
Por Nadja Hartmann, jornalista
O mês de outubro marca o início da contagem regressiva de um ano para as eleições municipais, que serão realizadas em 6 de outubro de 2024. É claro que internamente nos partidos, esta contagem regressiva já foi acionada há muito tempo. Mesmo assim, o cenário ainda está nebuloso, o que vale para Passo Fundo e para a maioria dos municípios da região. Entre os maiores colégios eleitorais do Norte do Estado, em três deles, — Passo Fundo, Soledade e Erechim — os atuais prefeitos — Pedro Almeida (PSD), Marilda Corbelini (MDB) e Paulo Polis (MDB) — podem e devem concorrer à reeleição. Porém, ainda não se definiu se as dobradinhas de 2020 irão se repetir, assim como as alianças. Já em Carazinho e Marau, terá que haver sucessão. No entanto, o nome que irá representar a Situação ainda não está definido. Há grandes chances de em ambos ser uma mulher. Em Carazinho, a atual vice-prefeita Valeska Walber (MDB) e em Marau, a atual chefe de Gabinete, Naura Bordignon (MDB).
Reeleição
Para quem concorre à reeleição, a torcida é que 2024 repita o índice de 2020, quando dos 290 prefeitos que concorreram no RS, 209 conseguiram se reeleger, uma taxa superior a 70%. Porém, entre uma eleição e outra, tivemos uma pandemia e uma das eleições gerais mais acirradas e polarizadas da história do país. Ou seja, há dúvidas sobre até que ponto a gestão dos atuais prefeitos durante a pandemia ainda irá influenciar o voto dos eleitores, assim como até que ponto o voto local será influenciado pelo acirramento que ainda segue em nível nacional. Além disso, outra pergunta que paira no ar é se o MDB irá conseguir manter o mesmo desempenho de 2020, quando elegeu 134 prefeitos no RS, perdendo apenas para o PP. Vale lembrar que dos maiores colégios eleitorais da região, o MDB elegeu quatro dos cinco prefeitos, e em Passo Fundo, apesar de não estar na cabeça, fez parte da majoritária, com o vice-prefeito João Pedro Nunes.
Mudanças
Para embolar ainda mais o meio de campo, ainda há a minirreforma eleitoral, que se aprovada pelo Senado e sancionada pelo presidente da República até a próxima sexta-feira (6), já vale para as eleições municipais. Porém, uma das mudanças já confirmadas e que deve trazer grande impacto para os partidos é a redução da nominata dos candidatos a vereador. Depois de um recorde em 2020, por conta do fim das coligações nas proporcionais, quando cada partido pode lançar até 150% de candidatos do número de vagas em disputa, em 2024, a regra será 100% mais um. Para se ter uma ideia, em Passo Fundo, que são 21 vagas, cada partido podia lançar até 31 candidatos em 2020, agora só poderá lançar 22 nomes, o que vai exigir estreitar o funil na escolha dos candidatos. Também deve trazer um impacto para as majoritárias, já que os candidatos a vereadores servem como potenciais cabos eleitorais. Essas novas regras podem fazer, inclusive, muitos vereadores aproveitarem a janela partidária de abril para mudarem de partido, alterando também a atual composição de forças dos legislativos.
Pauta de debates
Mas o maior desafio para muitos partidos estará na formação das alianças, em função da criação das federações partidárias, o que pode obrigar que mesmo partidos rivais localmente tenham que concorrer unidos. Atualmente são três federações no Brasil, a que une o PT, PCdoB e PV; a do PSDB e Cidadania e a do Psol e Rede. Portanto, mantendo-se o atual quadro, em Passo Fundo e na maioria dos municípios da região, a criação das federações não deve causar maior impacto. O que não significa que temas nacionais, principalmente ligados à pauta de costumes, como descriminalização das drogas, casamento homoafetivo e legalização do aborto não entrem no debate. Porém, o que deve ficar claro para os eleitores, é que tais decisões não cabem aos prefeitos e muito menos aos vereadores. Se for para discutir questões ideológicas, que seja sobre o que o candidato pensa sobre o direito à moradia, o acesso à saúde, ensino de qualidade, mobilidade urbana, entre tantos outros assuntos que fazem parte da esfera municipal e que necessitam de soluções urgentes...
Quilômetros
Esta segunda-feira (2) marca os sete meses de mandato do deputado federal Luciano Azevedo (PSD), data que ele comemora com a soma de R$20 milhões já liberados para a região. O escritório regional e o gabinete em Brasília do deputado Luciano já se tornaram referência para os prefeitos, lideranças e empresários da região que buscam auxílio nos processos encaminhados junto ao governo federal. Porém, o principal diferencial destes sete meses de mandato do deputado é a onipresença dele na região. Se formos contar em estrada percorrida, certamente chegaremos a milhares de quilômetros. É claro que o bom desempenho de um mandato não pode ser medido por esta régua, mas também é verdade que uma das grandes reclamações dos eleitores é que muitos deputados só aparecem nos municípios na hora de pedir voto. Pelo menos esta cobrança certamente o deputado não irá ouvir...
Vitrine
Esta segunda-feira também deve marcar o fim de uma novela que vem se arrastando desde o início de agosto, com inúmeras reuniões e assembleias. A votação da Reforma Administrativa é a única pauta na Ordem do Dia da Câmara de Vereadores e será acompanhada ‘in loco’ pelos servidores, já que tanto o CMP-Sindicato quanto o Simpasso marcaram assembleias para a tarde desta segunda no Paço Municipal. As duas mensagens retificativas do Executivo receberam emendas das comissões, porém, apenas pontuais no texto, sem nenhuma alteração significativa. Mesmo assim, com o auditório lotado, praticamente todos os vereadores devem fazer uso de seu tempo de fala para não desperdiçar a vitrine, até porque com ambas categorias satisfeitas com os avanços conquistados no texto, a reação da plateia deve ser muito mais de aplausos — ops, de mãos abanando — do que de protestos.
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