Por Nadja Hartmann, jornalista
Projeto que propõe a criação do Programa de Residência Jurídica na Câmara de Vereadores de Passo Fundo, protocolado pela Mesa Diretora, já provocou grande polêmica na sua primeira discussão, que aliás, nem constava na pauta e foi inserido de última hora. Segundo o presidente, vereador Alberi Grando, a proposta se assemelha à residência médica em muitos hospitais, sendo que na Câmara, os residentes – recém formados em Direito – teriam o papel de auxiliar no apoio jurídico necessário aos vereadores. Como em qualquer residência, esses profissionais seriam devidamente pagos. É no mínimo curiosa a preocupação da Mesa Diretora, já que muitos pareceres da Procuradoria Jurídica são simplesmente ignorados pelos vereadores, a exemplo do que aconteceu com a emenda ao projeto do subsídio, aprovada por unanimidade na primeira votação, mesmo com claro “vício de origem” já apontado pela Procuradoria. Hoje, a Câmara possui quatro procuradores para assessorar os 21 vereadores e a Mesa Diretora, com salários que chegam a R$ 28mil, o que, aliás, atinge o teto que é o salário do governador...Somando os quatro salários, o custo mensal chega a quase R$ 85 mil com assessoria jurídica. A proposta de contratar mais profissionais da área pode ter o seu mérito, mas terá que ser muito bem justificada para a população...
Entrelinhas
Em política sabe-se que mais do que um simples termômetro, uma eleição também pode ser determinante para a próxima. Isso explica o fato de alguns nomes serem lançados apenas como balão de ensaio e, principalmente, explica muitas das estratégias dos partidos. Ou seja, os recados das urnas devem ser interpretados nas entrelinhas. Como já escreveu Sun Tzu, em “A Arte da Guerra”, - livro de cabeceira de nove entre dez políticos - , “para ser vitorioso você precisa ver o que não está visível”. E é olhando para 2026, que o PSDB e o MDB, por exemplo, se movimentam para 2024. Ambos partidos só enxergam uma meta na sua frente, que é Eduardo Leite no Planalto e Gabriel Souza no Piratini. Para isso, é fundamental eleger o maior número de prefeitos e vereadores, considerados cabos eleitorais de luxo nas eleições gerais...
Renovação
Portanto, a palavra de ordem é “protagonismo”, que pode ser traduzida em majoritária. E é em nome deste protagonismo que mesmo com uma relação quase de aliados com o governo Pedro Almeida, é cada vez maior a chance dos tucanos optarem por uma candidatura própria em Passo Fundo, até porque um colégio eleitoral de quase 150 mil eleitores não pode ser desprezado com um papel de coadjuvante. Esse é o caso também do MDB, que trabalha para manter o seu espaço de vice na dobradinha com Pedro Almeida. Para isso, porém, é preciso apresentar um novo nome, já que João Pedro Nunes não pode mais concorrer à majoritária e deve tentar a eleição no legislativo. É muito grande a chance deste nome sair do evento de filiação que o partido realiza nesta quinta-feira, com a presença do vice-governador Gabriel Souza. Como o partido entende que precisa de renovação de seus quadros, não se descarta a hipótese de apostar em um recém-chegado para compor uma majoritária, ao invés de nomes já conhecidos dos eleitores como os vereadores Alberi Grando e Janaína Portella.
Despedida
A sessão de segunda-feira na Câmara de Vereadores de Passo Fundo teve clima de despedida. Apesar de oficialmente Saul Spinelli assumir a cadeira somente na semana que vem, o suplente Wilson Lill usou a tribuna para agradecer o apoio dos colegas e recebeu elogios até mesmo da oposição. Com a mudança, os vereadores terão que eleger um novo nome para assumir a presidência no ano que vem, o que deve acontecer até dezembro. O nome de Wilson Lill já estava escolhido para o cargo, mas não é extensivo ao partido, o que não quer dizer que o PSB não possa ocupar, já que hoje ocupa a vice-presidência, com o vereador Michel Oliveira.
Interinos
O afastamento de Saul Spinelli da secretaria de Assistência Social faz com que hoje a Prefeitura de Passo Fundo tenha dois secretários interinos em pontos chave da administração. Além de Elenir Chapuis, que assumiu interinamente, também o vice-prefeito João Pedro Nunes está interino na Saúde há três meses. De duas, uma: ou o prefeito Pedro Almeida está com dificuldades de encontrar os nomes certos para os lugares certos ou ele está “guardando” estes cargos para entrar nas negociações com outros partidos aliados. Apesar que há quem diga que com o conhecimento de Elenir Chapuis na área da assistência social, ela tem grandes chances de permanecer no cargo. Outra possibilidade seria Wilson Lill retornar para o antigo cargo, que ele ocupou de 2017 a 2020, até porque dificilmente o PSB simplesmente deve abrir mão de uma secretaria...O apoio incondicional na Câmara tem o seu preço...