Por Nadja Hartmann, jornalista
Denúncia
O esforço dos vereadores da base do governo para minimizar a situação dos trabalhadores terceirizados da Prefeitura de Passo Fundo não foi o suficiente para tirar o tema do centro dos debates na última sessão da Câmara de Vereadores. Apesar do assunto não ser novo, a denúncia feita pelos servidores fez com que o problema viesse à tona novamente. Em reunião com o presidente da Câmara, Alberi Grando (MDB) e vereadores, os trabalhadores, - que paralisaram parte das atividades na tarde de quarta-feira -, denunciaram atrasos frequentes de salários e do depósito do FGTS. De acordo com o líder do governo, Gio Krug (PSD), a Prefeitura vem mantendo o pagamento à empresa em dia. A vereadora Eva Valéria, porém, chamou atenção para a “situação desesperadora” enfrentada por alguns trabalhadores. Disse ainda que o município é co-responsável e não pode se omitir, já que quem contrata tem o dever de fiscalizar. No plenário, além de representantes dos funcionários, estava também um dos proprietários da empresa...
Batido o martelo
O problema envolvendo os trabalhadores terceirizados da Prefeitura acabou tirando o foco da sessão do projeto do subsídio, porém, nos bastidores é só o que se fala. Enquanto os vereadores da base tentam apressar a votação, os da oposição se esforçam para ganhar tempo... No entanto, o presidente Alberi Grando já bateu o martelo e marcou a votação para a sessão do dia 22 de maio, independentemente de ter novas emendas ou pedido de vistas. Segundo Grando, o tempo foi suficiente para cada vereador ter a sua convicção. “Tenho essa prerrogativa e não vou passar por omisso”, afirmou, lembrando que embora o prazo do regime de urgência vença no dia 18 de maio, a votação na sessão subsequente não tranca a pauta. O debate atualmente acontece nas comissões que analisam as emendas protocoladas pelos vereadores. Até agora, além da emenda do vereador Rufa Solda (PP) que pede a redução no preço da tarifa, os vereadores Rodinei Candeia (Republicanos), Ernesto dos Santos (PDT) e Altamir dos Santos (Cidadania) também protocolaram emendas ao projeto.
Desligamento
A decisão da direção estadual do Republicanos de romper a aliança com o prefeito Pedro Almeida e passar o comando da sigla em Passo Fundo para o vereador, - líder da oposição -, Rodinei Candeia, já provocou baixas no partido. O secretário da Agricultura Cristiam Thans encaminhou essa semana o seu pedido de desfiliação. No documento, o secretário justifica o seu descontentamento em função do entendimento da direção estadual de não manter o apoio à atual administração. Cita ainda a “postura intempestiva” da direção estadual, “sem o apoio da maioria dos membros do partido do município”, em se posicionar com a liderança da oposição. Thans lembra que desde 2013, o Republicanos manteve uma participação importante no atual projeto de gestão, e que portanto, não seria “plausível neste momento sair do governo”. Quanto ao seu destino político, o secretário afirma que ainda irá conversar com o prefeito Pedro Almeida, mas que a sua formação mais voltada para centro-direita irá influenciar na decisão. Vale destacar que o PSD hoje se encaixa perfeitamente neste perfil...
Divisões
E as baixas no Republicanos em Passo Fundo não irão parar por ai...O vereador Leandro Rosso deve aguardar a janela partidária para pedir o seu desligamento sem o risco de perder o mandato. Enquanto isso, a bancada do partido na Câmara continua dividida, já que ele se mantém na base de apoio do governo e Candeia, na oposição. Aliás, as últimas movimentações partidárias tem provocado situações que se não fossem na política, poderiam ser consideradas inusitadas. Enquanto o PP entra no governo, mas na Câmara continua na oposição, o Republicanos sai do governo, mas na Câmara se divide entre a oposição enfática e o apoio quase que incondicional... Divisões à parte, não resta dúvida que a decisão do presidente estadual do Republicanos, deputado Carlos Gomes, significou uma vitória política de Candeia, que agora tem a missão de reestruturar o partido sob essa nova identidade de oposição ao atual governo. Além disso, o desafio do vereador passa a ser de agregar novas forças e lideranças, no sentido de evitar o isolamento.
Projetos
O deputado Luciano Azevedo (PSD) protocolou mais dois projetos na Câmara essa semana. Um deles propõe alteração na lei 7.716, de janeiro de 1989, instituindo um novo núcleo penal para casos de discriminação e racismo, estabelecendo como crime portar símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem cruz suástica para fins de divulgação do nazismo. De acordo com o deputado, é urgente adequar a legislação, considerando a recente onda de fomento de episódios ligados ao nazismo. O outro projeto apresentado dispõe sobre incentivos fiscais para fomentar as atividades desportivas de clubes de futebol de menor investimento.