A reconstrução do pavilhão de uma filial da Erva-Mate Barão de Cotegipe em Machadinho, no norte gaúcho, deve ser concluída nos próximos dias. Um incêndio de grandes proporções atingiu o local em julho de 2024. Foram necessárias corporações de bombeiros de cinco municípios da região para combater as chamas, que duraram cerca de três dias.
A repercussão do caso ficou entre as reportagens mais lidas de GZH Passo Fundo em 2024 — motivo pelo qual integra série sobre os assuntos do ano.
O fogo começou por volta das 4h do dia 24 de julho, quando nenhum dos 16 funcionários estava no local. Ninguém ficou ferido. No total, foram perdidas 1,6 mil toneladas de erva-mate.
A reconstrução do espaço tomado pelo fogo iniciou em novembro e deve ficar pronta até o final de janeiro. A expectativa é finalizar a cobertura do pavilhão o quanto antes para poder abrigar o estoque da erva-mate, como afirma o gerente da ervateira, Altair Ruffato.
— O maior gargalo hoje de quem exporta é o espaço para armazenar a erva-mate. No momento que finalizarmos a cobertura já podemos começar a colocar a erva que só vai ser usada daqui um ano, porque ela precisa ficar maturando. Se conseguirmos colocar em janeiro, vamos poder usá-la somente no outro ano — explica.
A diretora industrial da ervateira, Ana Paula Picolo, afirma que a grande dificuldade foi a perda da erva-mate maturada.
— O que a gente perdeu foi o tempo, porque essa erva-mate envelhecida não tem para comprar. As ervateiras não guardam em grande quantidade como nós tínhamos. Então, estamos dosando a erva que temos aqui em Barão para conseguir atender todos os clientes — disse.
Produção alternativa
Para evitar prejuízo total, após o ocorrido, a empresa se organizou para continuar atendendo o mercado. A produção da erva-mate tostada, por exemplo, que é mais utilizada para chás e não precisa de tempo de maturação, continuou.
O local onde ela era produzida sofreu apenas danos na parte elétrica, por isso, o serviço foi reestabelecido rapidamente.
— Começamos a trabalhar ali de uma forma bem rústica, mas deu para atender todos os pedidos que tínhamos desta linha — disse o gerente.
A erva-mate tostada é utilizada em sachês e vendida para outras empresas que tiram o extrato para produzir energético.
Já a linha de produção de exportação, passou a ser executada na matriz da empresa em Barão de Cotegipe, para onde também foram realocados os funcionários.
— Nós realocamos as pessoas da linha de produção que tinha em Machadinho onde pegou fogo. Essa mesma linha de produção nós temos aqui em Barão de Cotegipe, na nossa matriz, então o pessoal acabou revezando e vindo para cá para trabalhar. Foi uma forma que encontramos de não demitir ninguém e causar mais prejuízo ainda — afirma Ana Paula.
As causas do incêndio ainda são desconhecidas. Quanto ao prejuízo, a estimativa é de R$ 20 milhões só em produto.
— Se contarmos a estrutura metálica e as máquinas, não dá nem pra fazer a conta. Deve passar de 30 a 40 milhões, com certeza — conclui Ruffato, que também ressaltou o auxílio que a empresa recebeu para recomeçar.
— Alguns clientes forneceram locais para trabalharmos, outros prazos de pagamentos maiores. O pessoal colaborou muito e isso foi muito importante pra gente — disse.