O bezerro Luizo, que chamou a atenção após passar por uma cirurgia inusitada para ruminantes em Passo Fundo, no norte gaúcho, morreu na última quinta-feira (4) após quadro grave de pneumonia. O animal estava em recuperação no Hospital Veterinário da Universidade de Passo Fundo (UPF) e não resistiu ao avanço da doença.
O animal passou por uma laminectomia para descompressão da medula em junho, aos 15 dias de vida. Ele teve uma luxação na sexta vértebra da lombar e fratura da epífise da tíbia, o que impedia os movimentos, provavelmente causado ao ser pisoteado acidentalmente pela mãe. A cirurgia é mais comum em cachorros.
Conforme o médico veterinário e professor da disciplina de Clínica Médica de ruminantes, Carlos Bondan, os procedimentos ortopédicos e cirúrgicos tiveram sucesso: Luizo já estava em processo de consolidação da tíbia e a descompressão lombar havia sido satisfatória. Apesar de ainda não ter todos os movimentos, o animal dava sinais de que começaria a andar após a recuperação. No entanto, a pneumonia pegou a todos de surpresa.
— Logo depois da última cirurgia, ele manifestou esse quadro de pneumonia. É muito estresse em função dos procedimentos cirúrgicos e o clima não nos ajudou muito, apesar de todos os cuidados hospitalares. Foi algo que fugiu da nossa capacidade de controle — explicou.
A morte de Luizo não teve a ver com os procedimentos realizados, esclareceu Bondan:
— Esse quadro pneumônico foi tratado com todos os recursos terapêuticos possíveis, mas não conseguimos erradicar a infecção e ele acabou vindo a óbito. A necrópsia revelou algumas lesões no pulmão. Fizemos de tudo para tirar o quadro pneumônico, mas não foi possível controlá-lo.
Mesmo com pouco tempo de vida, Luizo deixou sua marca no Hospital Veterinário da UPF. Estudantes de Medicina Veterinária se revezaram para pernoitar com o animal nas baias da instituição e ele recebeu atendimento 24 horas durante a recuperação.
— De forma alguma foi uma questão de cuidados e, sim, consequências de um quadro infeccioso, como muitas vezes também ceifa a vida de humanos, principalmente crianças e idosos. Infelizmente perdemos o Luizo, mas ele serviu para que os alunos pudessem aprender que é possível recuperarmos pacientes, mesmo aqueles com lesões muito graves. Porém existem casos em que não vamos conseguir os resultados desejados. Mesmo assim, seguiremos usando todas as tecnologias e informações existentes para tentar corrigir doenças e recuperar pacientes, com o Luizo — finalizou Bondan.