Há 20 anos, a casa cor-de-rosa da Rua Dez de Abril, em Passo Fundo, abriga o apoio necessário às crianças e familiares que enfrentam o câncer nos hospitais da cidade. O espaço é conhecido como o Centro Assistencial à Criança com Câncer (Cacc), entidade sem fins lucrativos que atende 96 municípios da região com estadia, alimentação e medicamentos.
Mantido pela Liga Feminina de Combate ao Câncer, o Cacc atende, no momento, 137 crianças e 170 adultos que vêm de outras cidades para enfrentar sessões de quimioterapia e consultas médicas para tratamento oncológico em Passo Fundo. Segundo a presidente da Liga, Neli Formigheri, é quase impossível contar quantos foram os assistidos pela organização desde 2003, quando a entidade abriu as portas pela primeira vez.
Desde o começo, conta Neli, o objetivo era oferecer um local acolhedor para as crianças de fora de Passo Fundo que estavam em tratamento contra o câncer e não tinham onde permanecer na cidade.
— Aqui, as crianças recebem toda a atenção possível, desde as coisas mais básicas até assistência profissional. E a gente procura fazer com que eles se sintam bem, como se eles estivessem nas suas próprias casas. Hoje recebemos pessoas adultas também. Esse é um trabalho que a gente faz sem esperar reconhecimento, é um trabalho pela necessidade de fazer algo pelo outro e uma forma de agradecer a Deus pela nossa saúde — disse.
O Cacc funciona de forma independente e se mantém com doações da comunidade, eventos de arrecadação e com o faturamento do brechó solidário, administrado pela entidade. Os recursos servem para manter o espaço, que conta com 11 quartos para acomodar até 60 pessoas. Além disso, há uma brinquedoteca, biblioteca, área de convivência com oficinas e cozinha, que oferece quatro refeições por dia.
Os valores arrecadados também pagam o corpo de funcionários, que inclui psicóloga, assistente social, técnica em enfermagem, cozinheira, serviços gerais, recepção e coordenação. Durante o mês, a entidade entrega cerca de 50 cestas básicas para os assistidos de Passo Fundo, além de administrar uma farmácia no local.
Quem se beneficia
Entre os assistidos está o agricultor Tiago Stival, 36 anos. Natural de Taquaruçu do Sul, município gaúcho a mais de 180 quilômetros de Passo Fundo, ele frequenta o Cacc há oito meses acompanhando o filho Isaac, de três anos, diagnosticado com leucemia.
Stival conta que chegou ao Cacc através da indicação dos profissionais que acompanham o tratamento do filho. No momento, o pequeno está na segunda fase do tratamento de quimioterapia — e o Cacc virou a segunda casa da família.
— A estrutura é fantástica, todas as pessoas que trabalham aqui atendem a gente muito bem. A alimentação, que é um detalhe que tem que cuidar muito para as crianças da oncologia, é preparada com um cuidado especial. O suporte que nos é oferecido é sensacional. Ainda mais para quem é de fora, como é o nosso caso — conta.

Segundo o agricultor, a estrutura também agrada o pequeno Isaac, que sempre se mostra disposto a ficar no Cacc.
— Os espaços para as crianças, com a brinquedoteca e parquinho, são muito bacanas. Quando a gente fala que vamos para Passo Fundo, ele já está começando que viremos aqui. Isso é especial, pois o momento já é complexo e, aqui, há um olhar especial para as crianças e elas sentem isso.
Como ajudar
O Cacc está sempre recebendo doações. Conforme a Liga, os alimentos são sempre bem-vindos, bem como roupas doadas para serem vendidas no brechó e tampinhas plásticas. É possível entrar em contato com a instituição por meio do telefone (54) 92000-4033.