Há um elemento pouco debatido sobre o processo de impeachment, talvez porque ele seja indireto ou porque venha à tona num tom de gravidade tão extremo que torna o impedimento de um presidente uma circunstância secundária. Trata-se de constatar que a democracia vem se transformando no Brasil num arremedo retórico, num concerto político de interesses egoísticos, numa conjuntura de expectativas conciliantes em que a coesão mais se explica por ideologia do que pela sua proximidade com o ideal ético ancorado em verdades consensualmente maturadas. Basta constatar ter havido como herança do impedimento de Dilma Rousseff uma nebulosa acerca da legitimidade do veredicto ultimado pelo Senado com a coordenação do ministro-presidente do Supremo Tribunal Federal.
Artigo
Mauricio Martins Reis: o verdadeiro golpe
Professor da Fundação Escola Superior do Ministério Público