O melhor dos mundos para o PMDB seria a renúncia da presidente Dilma Rousseff para assumir o governo de fato e de direito, com Michel Temer, sem precisar sujas as mãos trabalhando pelo impeachment. Para a oposição capitaneada pelo PSDB, o ideal não é nem a renúncia nem o impeachment, porque em qualquer dos casos assumiria Temer. O sonho de consumo dos tucanos é o afastamento de Dilma e Temer pela ação que tramita no Tribunal Superior Eleitoral, porque se a Corte entender que houve irregularidades na campanha, caem os dois.
Conclusão do Congresso sobre contas de Dilma só sai em 2016
O principal beneficiário de uma eleição antecipada seria o senador Aécio Neves, que publicamente se declara favorável ao impeachment. Aécio é o principal nome da oposição, tem o recall da campanha passada e aparece nas pesquisas como favorito. O problema é que em caso de afastamento de Dilma e Temer, assumiria por três meses o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o homem das contas secretas na Suíça, abastecidas com dinheiro de propina, segundo um dos delatores da Lava-Jato. Quem, de sã consciência, gostaria de ver o país governado por Cunha, mesmo que por poucos dias? Que confiança pode inspirar ao mercado o patrono das pautas-bomba?
PGR confirma a deputados do PSOL que Cunha e parentes têm contas na Suíça
Mesmo que as contas de 2014 só venham a ser julgadas pelo Congresso lá pela metade de 2016, Dilma não tem como dormir tranquila. O parecer do Tribunal de Contas, recomendando a rejeição, é combustível aditivado na fogueira da oposição.
O problema de Dilma é essencialmente político. Loteou o governo para garantir estabilidade e não consegue unir essa base flácida nem para apreciar vetos a projetos que impactam negativamente nas contas públicas. Somente na terça ou quarta-feira se saberá se o pedido de unidade, feito aos ministros na quinta-feira, surtiu efeito.
O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS), reconheceu no Gaúcha Atualidade que a situação de Dilma é grave e que o governo cometeu erros de condução política. A entrada de Jaques Wagner na Casa Civil é uma tentativa de reduzir os atritos provocados pela combinação entre a falta de tato de Aloizio Mercadante e a ausência de jogo de cintura da presidente.
Governo federal
Rosane de Oliveira: refresco na crise passa pela costura política
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Rosane de Oliveira
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