Nem governo nem oposição se desmobilizaram no feriadão de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Sem paciência para esperar pela decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que pode demorar a julgar a ação de impugnação do mandato da presidente Dilma Rousseff, a oposição quer pegar carona no parecer desfavorável do Tribunal de Contas da União para abrir um processo de impeachment. Por ironia, o futuro de Dilma está nas mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, chamado de homem-bomba pelos próprios companheiros do PMDB.
Oposição se reúne em Brasília para definir estratégia do impeachment
A estratégia combinada pela oposição com Eduardo Cunha era de ele rejeitar o pedido protocolado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr., em um jogo de cena para recorrer ao plenário. Com os desdobramentos da Operação Lava-Jato, e o surgimento das contas secretas na Suíça, ninguém pode ter certeza do que Cunha fará. Em busca de protagonismo, pode despachar favoravelmente o requerimento, hipótese em que o processo começará contaminado pela sua falta de legitimidade.
Governo vê crescer risco de pedido de impeachment e monta equipe de defesa
Da presidente Dilma, pode-se dizer que mentiu durante a campanha, fez promessas que sabia impossível cumprir e atribuiu aos adversários medidas que acabou adotando, mas não foram encontradas digitais dela na roubalheira da Petrobras.
Marta Sfredo: onde bate o impeachment
Há suspeitas sobre o financiamento de sua campanha, mas esse tema está sendo investigado pelo TSE. E os doadores são os mesmos dos seus adversários, especialmente de Aécio Neves (PSDB). Os juristas estão divididos, mas não está claramente configurado o crime de responsabilidade que a Constituição exige para justificar o afastamento da presidente.
No feriado, Dilma reúne ministros para discutir impeachment
Admitindo-se que o impeachment prospere, o que será o dia depois de amanhã? Com o eventual afastamento de Dilma pelo Congresso, Michel Temer assumiria o poder. Será uma boa solução ampliar o poder desse PMDB que opera na base do toma lá dá cá? Ou para tirar Dilma do cargo vale até pacto com o diabo?
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Impeachment
Rosane de Oliveira: dia decisivo para futuro de Dilma
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Rosane de Oliveira
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