Após o massacre que resultou na morte de 56 detentos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, o secretário da Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, defendeu as ações da polícia durante o motim, que durou 17 horas. Em entrevista ao Gaúcha Atualidade nesta terça-feira, ele disse que foram seguidos todos os protocolos de segurança para evitar mais mortes.
"O que fizemos foi o máximo de esforço possível para garantir a vida dos que estavam em poder dos rebelados", disse o secretário, ao reforçar que a invasão policial no presídio era a última opção.
"As ações seguem um protocolo. Qualquer policial aí do Rio Grande do Sul sabe que primeiro é conter, isolar e negociar. Ação de força é a última a ser determinada", afirmou.
O número de presos mortos no Compaj é o maior desde o massacre do Carandiru, em 1992, quando 111 presos foram mortos pela polícia. No caso da prisão paulista, a Polícia Militar decidiu invadir o presídio com metralhadoras e fuzis após tentativa frustrada de negociação.
Segundo Sérgio Fontes, as mortes ocorreram nos primeiros minutos da rebelião, já que o objetivo dos líderes do motim, vinculados à facção Família do Norte, era justamente eliminar os rivais do Primeiro Comando da Capital (PCC).
O secretário afirmou que o governo já tem os nomes de alguns líderes da rebelião, a partir de imagens de câmeras de segurança e das negociações feitas no local. Mas reforçou que a investigação que vai apontar os responsáveis pelas mortes. O inquérito, segundo ele, será concluído o mais rápido possível.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, confirmou na noite de ontem que os líderes serão transferidos para presídios federais. Ele fará uma vistoria na unidade nesta terça-feira.
De acordo com Fontes, a situação na penitenciária hoje é de "normalidade". Ele também reforçou que a chacina ocorrida reflete os problemas do sistema penitenciário em todo o país, em função das disputas entre as facções rivais.