
Cerca de US$ 42 milhões foram pagos pela empresa holandesa SBM Offshore em propina para ex-funcionários e diretores da Petrobras, em troca de negócios com a estatal, entre 1997 e 2012. Por meio de agentes de venda e contas no exterior, a companhia estrangeira pagava para fechar contratos de navios-plataforma e para obter informações técnicas confidenciais que a favorecessem nos negócios.
A conclusão é do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, que denunciou nesta quinta-feira (17) 13 pessoas por corrupção ativa e passiva, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, associação criminosa e favorecimento pessoal, incluindo executivos da SBM. Um deles teve mandato de prisão expedido e está sendo procurado pela Interpol, a polícia internacional.
Ao todo, cinco mandados de busca e apreensão e quatro de prisão preventivaforam cumpridos pela Polícia Federal no Rio e em Angra dos Reis, no sul fluminense durante a Operação Sangue Negro. Foi preso Paulo Roberto Buarque Carneiro, ex-funcionário da estatal que participou de várias comissões de licitação na estatal para favorecer a SBM e também vendeu informações privilegiados.
O MPF também pediu a prisão dos ex-diretores da Petrobras Jorge Luiz Zelada e Renato Duque, que já estão encarcerados por causa dos desdobramentos da Operação Lava Jato, cujos crimes estão interligados.
Contas na Suíça
De acordo com o MPF, o dinheiro da propina era pago por intermédio das empresas Faercom e Oildrive, que atuavam como agentes de vendas da SBM no Brasil, operadas por Julio Faerman e Luis Eduardo Campos Barbosa da Silva. Eles recebiam os valores e distribuíam. Foram identificadas nos esquema 38 contas, sendo a maioria em três bancos na Suíça.
Executivos
O outro pedido de prisão preventiva foi expedido contra o vice-presidente da SBM nas Américas, Robert Zubiate, para que não destrua evidências do esquema. Ele também recebia comissão ilegal, por contrato fechados.
Da mesma empresa, também estão entre os denunciados os executivos Didier Keller e Tany Mace, que iniciaram o esquema de pagamentos no exterior e estão agora aposentados. Em nota à imprensa, a SBM não comentou a denúncia e disse apenas que nenhum dos seus escritórios do Brasil foi alvo de buscas da polícia.
Doação de campanha
O MPF também investiga uma contribuição de US$ 300 mil da empresa holandesa à campanha presidencial do PT em 2010. O dinheiro foi pedido por Renato Duque e repassado ilegalmente pelos agentes da Oildrive à Pedro José Barusco.
Por meio da assessoria, o PT rebateu a informação e disse que todas as doações “aconteceram estritamente dentro dos parâmetros legais e foram posteriormente declarados à Justiça Eleitoral".