O Hospital Santa Rita, do Complexo da Santa Casa de Porto Alegre, é líder em prevenção e diagnóstico em Oncologia. Em 1995, foi criado o Núcleo de Novos Tratamentos em Câncer na instituição. De lá para cá, mais de 500 voluntários participaram dos estudos. Pelo menos 14 medicamentos dos 20 pesquisados se mostraram eficazes no tratamento dos mais variados tipos da doença.
Núcleo de Novos Tratamentos em Câncer foi criado em 1995
O médico oncologista e hematologista Carlos Eugênio Escovar é chefe do setor. Lembra que a participação dos pacientes nos estudos clínicos melhora a vida deles em razão da utilização de medicamentos mais modernos que ainda nem estão no mercado.
“A grande maioria desses pacientes recebe um bem muito precioso que é mais tempo de vida e mais tempo de vida boa e convívio com a sua família”, sustenta o médico.
Oncologista e hematologista Carlos Eugênio Escovar é referência no tratamento do câncer
Um dos medicamentos testados pelo Núcleo de Novos Tratamentos em Câncer da Santa Casa é o Ipilimubab. Usado para o tratamento do câncer de pele, se tivesse que ser comprado, o paciente gastaria R$ 240 mil a cada três meses.
“Tu tens um paciente com, por exemplo, melanoma, como a gente tem, que tem uma expectativa de vida de seis meses e está vivo há cinco anos por causa de uma droga dessas, isso nos deixa extremamente felizes e crédulos que a pesquisa clínica é um caminho importante na Oncologia”.
Além dos medicamentos testados, aprovados e que estão no mercado, há vários outros que ainda precisam demonstrar eficiência no tratamento. Eles são guardados numa sala do hospital onde somente funcionários autorizados têm acesso. Por se tratar de medicamentos ainda em teste, os nomes e as fórmulas não podem ser divulgados, como o caso deste frasco de comprimidos para o combate ao câncer de próstata.
Medicamento de combate ao câncer de próstata ainda em teste
Muitos dos medicamentos são refrigerados. A sala onde ficam guardados precisa estar com temperaturas controladas, por isso dois aparelhos de ar-condicionado no local. Em caso de um estragar, o outro é acionado automaticamente.
Muitos dos medicamentos contra o câncer precisam estar refrigerados
Equipamento usado pelo Núcleo de Novos Tratamentos em Câncer
Dona Isolde, de 61 anos, descobriu um câncer de mama em 2009.
“Foi num exame de rotina. A minha dra. lá de Guaíba pegou e descobriu, né. Aí ela mandou fazer os papéis tudo e ir para a espera. Aí depois que me chamaram aqui na Santa Casa”.
Dona Isolde tinha muitos efeitos colaterais no início do tratamento contra o câncer
Isolde fez cirurgia para retirada do tumor de um dos seios. Por participar da pesquisa clínica, recebe o medicamento gratuitamente. Senão, teria de pagar R$ 20 mil a cada 21 dias, que é o intervalo das sessões de quimioterapia. Mas nem tudo foi tranquilo ao longo do tratamento. A paciente lembra que no início os efeitos colaterais eram maiores, porque usava um medicamento a mais do que atualmente.
“Eu tinha muita ferida na boca, no nariz, coceira no corpo. Eu inchei bastante, me dava tontura, saía sangue pelo nariz. Caiu todo o cabelo”.
Mas o quadro de saúde de dona Isolde mudou. E o ânimo também.
“Antes, eu gostava e ficar mais dentro de casa. Agora não. Agora eu tenho vontade de sair, caminhar, passear”.
Isolde responde muito bem ao tratamento contra o câncer atualmente
O dr. Carlos Eugênio Escovar lembra que os medicamentos mais modernos contra o câncer são muito caros, de difícil acesso para a população. E que para quem participa das pesquisas, não tem custo.
“São drogas que chegam a custar no correr de um mês R$ 200 mil”.
Dona Isolde destaca a importância de participar de estudos como esse. Para ela e para outros pacientes.
“Pra mim é muito importante. Nesse medicamento eu posso salvar outras pessoas que venham a ter o mesmo tipo de câncer que eu tive, né”, destaca.
Quando perguntada se as pesquisas salvam vidas, respondeu de imediato.
“Salvam. Assim como eu, graças a Deus, estou salva. Porque eu me sinto curada”.
O dr. Carlos Eugênio Escovar tem convicção de que as pesquisas salvam vidas.
“Porque elas incorporam ao nosso tratamento drogas novas, drogas menos tóxicas. A gente tem descoberto drogas que agem especificamente numa mutação de um tumor, numa célula do tumor. E a pesquisa clínica faz diferença”.
Na próxima reportagem, um projeto piloto na área de tecnologia hospitalar.