Se as pesquisas clínicas feitas pela Santa Casa de Porto Alegre para desenvolver medicamentos de combate a doenças mortais, como Hipertensão Pulmonar e Câncer, salvam vidas, outro tipo de estudo vem ganhando força na instituição e com o mesmo propósito. Trata-se das pesquisas em tecnologia hospitalar.
Imaginem um local onde trabalham médicos, engenheiros, biólogos, físicos, enfermeiros, entre outros! Pois é exatamente assim a rotina do Departamento de Engenharia Clínica da Santa Casa de Porto Alegre.
Departamento de Engenharia Clínica reúne profissionais de várias áreas da Santa Casa
A engenheira eletrônica e pós doutora em Engenharia de Produção Léria Rosane Holsbach é a chefe da equipe.
“Trabalhamos com tecnologias médicas. Desde processos de tecnologias médicas, esterilização, e também até desenvolvimento de produtos”.
Léria Rosane Holsbach é engenheira eletrônica e pós doutora em Engenharia de Produção
Atualmente, são sete pesquisas em andamento no Departamento de Engenharia Clínica da Santa Casa de Porto Alegre. Duas delas em parcerias com universidades e com foco na segurança do paciente.
“Um deles segurança dos dados do paciente em equipamentos médicos junto com a Universidade Federal de Itajubá. E o outro um projeto junto com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul sobre custos, que foi uma encomenda do Ministério da Saúde, para ver o quanto custa manter um equipamento, desde um tomógrafo até uma bomba de infusão”, destaca.
O físico Ricardo Castilho Wunderlich trabalha num projeto piloto no Brasil de implantação da norma internacional que trata de gerenciamento de risco de redes com equipamentos médicos conectados, a IEC 80.001. A Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI) escolheu a Santa Casa para desenvolver a pesquisa.
“A partir do momento em que eu conecto um equipamento médico numa rede comum, seja num hospital ou numa clínica, essa rede passa a ser considerada uma rede médica”, explica Ricardo.
O físico Ricardo Castilho Wunderlich trabalha no projeto de implantação da norma internacional que trata de gerenciamento de risco de redes
Ricardo lembra que os equipamentos ligados às redes possuem vulnerabilidades e por isso a necessidade da pesquisa. Para não prejudicar o funcionamento do sistema do hospital e tornar a pesquisa a mais confiável possível, foi criada uma sub-rede para os testes.
“Segmentamos a nossa rede aqui na Santa Casa. Escolhemos um equipamento médico que está conectado na rede para fazer esses testes. Então a gente aplicou alguns métodos de invasão, que são os métodos que os hackers usam, para tentar invadir a nossa rede, invadir o nosso equipamento e foi possível invadir sim esse equipamento”, destaca.
O próximo passo após a constatação da vulnerabilidade é indicar uma solução ao fabricante.
“A gente propõe no final, ele está em processo de conclusão, metodologias para evitar essa invasão. Esse fabricante que participou do teste recebeu uma lista das portas que estão abertas para que ele feche ou que nos permita fechar”.
Projetos do Departamento de Engenharia evitam gastos desnecessários com manutenção de equipamentos hospitalares
Na prática, mais uma pesquisa que salva vidas. Dá alguns exemplos pra nós aí Ricardo.
“Digamos que fosse uma bomba de infusão. Essa bomba de infusão pode, através do hacker acessando, ela infunde a medicação de maneira errada, volumes errados, velocidade errada. Poderia ser um marcapasso. O hacker poderia invadir a rede, invadir o equipamento médico, parar um marcapasso, parar um equipamento de radioterapia, parar equipamentos de suporte à vida”.
Incubadora em manutenção no Departamento de Engenharia Clínica
A outra pesquisa citada pela dra. Léria no início da reportagem sobre o custo de manutenção de equipamentos hospitalares, em parceria com a UFRGS, foi solicitada pelo Ministério da Saúde.
“E é manter com segurança pro paciente e segurança dos dados. Aquilo que o equipamento vai apresentar para que o médico faça uma terapia, um diagnóstico em cima, ele deve ser preciso”.
Além da questão de segurança para o paciente, que é o mais importante, claro, há também uma questão financeira. Há equipamentos caríssimos nos hospitais, que se não tiverem a devida manutenção, podem gerar um prejuízo desnecessário à instituição.
“Um tomógrafo na base de R$ 5 milhões, um Acelerador Linear na faixa de R$ 7 milhões”.
O diretor médico e de ensino e pesquisa da Santa Casa, Jorge Hetzel, destaca a importância da área de tecnológica para a segurança do paciente.
“Do ponto de vista de tecnologia as pesquisas que são realizadas visam o aperfeiçoamento de alguns equipamentos que já estão em uso e o teste de alguns equipamentos que estão prestes a ser lançados”.
Diretor médico e de ensino e pesquisa da Santa Casa, Jorge Hetzel