Doze pessoas participaram dos dois dias de reconstituição da morte da mãe do menino Bernardo, em Três Passos. Nesta quarta-feira (16), participaram seis testemunhas e Leandro Boldrini, agora considerado suspeito.
A reconstituição ocorreu no prédio onde ficava o consultório do médico na época da morte de Odilaine Uglione, em 2010. Ninguém quis opinar se após a Reprodução Simulada dos Fatos a hipótese de homicídio ganhou força ou se o suicídio é realmente o mais provável, como foi constatado na investigação anterior.
Ao fim dos trabalhos, o delegado Marcelo Lech disse que a reconstituição vai contribuir com as investigações, mas adianta que outras diligências terão de ser feitas.
“Certamente a investigação não está encerrada. Ela terá continuidade no ano de 2016, sem que se possa precisar nesse momento uma data específica para o fim das investigações. Até porque diligências serão realizadas a exemplo de oitiva de testemunhas”, afirma Lech.
O diretor do Departamento de Criminalística do IGP, Paulo Frank, diz que o laudo da reconstituição deverá ser concluído em 30 dias e que os demais também serão entregues. “Esses laudos já estão em fase final. O laudo que nos dá maior preocupação em termos de prazo é este aqui mesmo, visto a quantidade de depoimentos”, afirma.
O delegado Marcelo Lech pediu à Justiça prorrogação por mais 60 dias do inquérito.
Segundo dia de trabalhos
O segundo dia da reconstituição foi marcado pela participação do médico Leandro Boldrini. O cirurgião chegou sob um forte aparato policial da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas e deu sua versão sobre tudo o que aconteceu antes e depois do disparo que matou Odilaine Uglione.
Depois de relatar o que ocorreu e simular aos peritos, desceu do 3º andar, onde ficava seu consultório, no Centro Clínico São Mateus, e foi até o saguão. Por sugestão do seu advogado, Boldrini não percorreu o trajeto até a clínica ao lado do prédio, onde ele teria pedido socorro. O delegado Marcelo Lech disse que o pedido foi aceito pela perita do caso.
A participação de Boldrini durou cerca de duas horas. Ele foi recebido e deixou o local aos gritos de assassino. Para o advogado da família de Odilaine, Marlon Taborda, houve contradição de Leandro em relação ao depoimento à Polícia.
“Em si a questão do tempo. Ele refere de maneira clara a questão do tempo dentro da sala. Pelo que ele relata pareceu 40 segundos, um minuto e dez. E ele refere que ficou cinco minutos de conversa com a esposa”, destaca Marlon.
O advogado de Boldrini deixou o local sem falar com a imprensa. Quem também participou da reconstituição nesta quarta foi a ex-secretária Andressa Wagner. Taborda considerou a versão dela surpreendente.
“Surpreendentemente ao final do último turno, num discurso isolado por parte da secretária do médico falando que ele teria ficado segundos na sala quando todos os presentes referiram o tempo de cinco minutos dele dentro da sala com Odilaine”, afirma.
As testemunhas deixaram o local em viaturas da Polícia Civil e não falaram com a imprensa.