O diplomata Marcos Azambuja, ex-secretário-geral do Itamaraty, condenou a ação de Israel contra a Palestina nos episódios recentes. “O que houve não pode ser perdoado. É inaceitável. Não se pode continuar atacando escolas e crianças”, disse, em entrevista ao Gaúcha Atualidade desta sexta-feira (25).
Azambuja concordou com a maneira de agir do Brasil frente à situação e repudiou a declaração do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que, segundo o jornal The Jerusalem Post, classificou o Brasil de "anão diplomático".
“O Brasil não é anão em dimensão nenhuma e não deve responder. Votamos certo, condenando a violência em Israel”, posicionou-se. Ele explicou que o país vive um descontrole emocional e que está confundindo seus inimigos. “Israel não deve confundir. Somos amigos, mas também temos relações com a Palestina e com outros países. Devemos seguir firmes em uma solução política e humanitária”, definiu.
Apesar de concordar com a decisão do Brasil, o diplomata criticou a decisão de chamar o embaixador brasileiro em Tel Aviv para consultas. “Sou econômico nessa jogada. Embaixadores devem continuar em seus postos, principalmente em momentos de crise. Tirá-lo de lá agora é ser um pouquinho incoerente”, disse.
Essa medida é considerada excepcional, e tomada quando há avaliação de situação grave. A última vez em que aconteceu foi no impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, episódio que o Brasil considerou como ruptura da ordem democrática.
O governo de Israel respondeu, lamentando a convocação do embaixador e disse que a atitude não reflete as boas relações diplomáticas entre Israel e Brasil e que o governo brasileiro está ignorando o direito de Israel de se defender. Os israelenses querem combater bases de lançamento de mísseis dos movimentos islâmicos Hamás e Jihad Islâmica.
O ex-secretário-geral do Itamaraty reforça que a relação comercial entre os países não deve ser afetada. “Essas relações sobrevivem porque são muito reais e concretas”, explicou. Azambuja, no entanto, é pessimista em relação a uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos. “Antes de ser enquadrado em crimes humanitários, eu espero que Israel recue. Mas aquilo é algo tão envenenado e rancoroso de parte a parte que não consigo ser otimista”, lamentou.