Documento da Prefeitura de Santa Maria do ano de 2009 já exigia alterações na boate KissJustiça aceita denúncia contra acusados no caso do incêndio na Boate Kiss
Eu não fui para Santa Maria logo após a tragédia do dia 27 de janeiro. Isso até foi importante para mim, pelo fato de que eu ainda estava me recuperando emocionalmente do acidente sofrido em Farroupilha, no fim de 2012 (a colisão envolveu três carros com jornalistas, que acompanhavam operação polical). Está tudo bem agora, mas na época da Kiss, acho que não faria um bom trabalho na arrancada dos fatos.
Minha participação ocorreu depois, na fase de investigação policial. Trabalhei direto com a Cristine Galissa, da RBS TV, e com o Guilherme Zanini e Ananda Muller, da Rádio Gaúcha. Fiz o típico trabalho de plantão na delegacia. Primeiro para ganhar a confiança dos delegados e, depois, para buscar informações. Eram entradas diretas na Gaúcha e CBN, além de textos, às vezes três por dia, no blog Caso de Polícia. Em um dos dias fiquei 17 horas em frente à delegacia na espera do término de depoimentos.
“ Nosso trabalho era um sinal diário de respeito às vítimas, para não deixar o fato ser esquecido e, também, para que outros não viessem a acontecer”
Foi um trabalho de fôlego e que resultou, nos 28 dias em que estive lá, em pelo menos cinco grandes reportagens. Um dos fatos, descoberto junto com a Galissa da RBS TV, acabou sendo citado pela polícia na conclusão do trabalho e mudou o rumo da investigação sobre a responsabilidade da prefeitura na tragédia. Depois disso, o que me marcou foi o grande trabalho coletivo no indiciamento, denúncia e aceitação da denúncia do Ministério Público pela Justiça. Destaco, neste caso, a aula jurídica de Cláudio Brito.
Foi um trabalho de ronda policial, busca de informações e muitas outras histórias. Mas para mim, todo esse esforço foi irrelevante perante à tragédia de grandes proporções que as famílias, Santa Maria, o Estado e todo o Brasil passaram. Não poderia esquecer disso em nenhum momento. No mínimo, o nosso trabalho era um sinal diário de respeito às vítimas, para não deixar o fato ser esquecido e, também, para que outros não viessem a acontecer.
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