
O presidente americano Donald Trump afirmou que os Estados Unidos iniciaram conversações diretas com o Irã sobre o seu programa nuclear, mas Teerã classificou as negociações como "indiretas", antes do primeiro encontro entre representantes dos dois países no sábado (12), em Omã.
O anúncio surpreendente foi feito durante uma reunião na segunda-feira (7) entre Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no Salão Oval da Casa Branca.
O presidente americano afirmou que tinha esperanças de chegar a um acordo com Teerã, mas advertiu que a república islâmica enfrentará um "grande perigo" em caso de fracasso das negociações.
— Temos uma reunião muito importante no sábado e trataremos com eles diretamente — afirmou Trump, em referência aos iranianos.
— Talvez se chegue a um acordo, isso seria fantástico. Vamos nos reunir no sábado em um encontro muito importante, quase ao mais alto escalão — acrescentou, sem informar onde ocorrerá o encontro.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, confirmou negociações no sábado no Sultanato de Omã, mas destacou que eram "indiretas".
A agência local de notícias Tasnim anunciou nesta terça-feira (8) que o próprio Araqchi comparecerá ao encontro, assim como o enviado dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff.
"É tanto uma oportunidade quanto um teste. A bola está no campo dos Estados Unidos", destacou o chanceler iraniano no X.
Em 2015, Teerã concluiu um acordo com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido), além da Alemanha, para supervisionar as suas atividades nucleares. O texto previa uma flexibilização das sanções, em troca da supervisão das atividades nucleares iranianas.
Em 2018, durante o primeiro mandato, Trump retirou os Estados Unidos do pacto e retomou as sanções. Em represália, o Irã acelerou o seu programa nuclear.
Troca de ameaças
Lideradas por Washington, as potências ocidentais acusam Teerã há décadas de querer desenvolver armas atômicas. O Irã nega as acusações e afirma que as suas atividades nucleares têm fins exclusivamente civis.
O anúncio de Trump ocorreu apesar da rejeição, por parte do chanceler iraniano no domingo (6), de negociações diretas sobre um novo acordo nuclear.
— Não faria sentido negociações diretas com uma parte que constantemente ameaça usar a força (...) e cujos diferentes funcionários expressam posições contraditórias — afirmou Araqchi.
Trump assegurou na segunda-feira que um novo acordo seria "diferente e, talvez, muito mais sólido". O Irã pretende consultar os seus parceiros mais próximos sobre a questão, Rússia e China.
Netanyahu, que adota uma linha dura contra Teerã, declarou na Casa Branca que o objetivo é garantir que o Irã nunca fabrique uma arma nuclear, e pediu negociações diplomáticas que levem a um desmantelamento "completo" das instalações iranianas.
Trump enviou no mês passado uma carta aos líderes iranianos pedindo negociações sobre o programa nuclear. Mas, ao mesmo tempo, ameaçou bombardear a república islâmica caso a diplomacia fracasse, além de impor novas sanções ao setor petrolífero iraniano.
O Irã não busca ter a arma atômica, mas "não terá outra opção", senão fazê-lo, se for atacado pelos Estados Unidos, advertiu nesta segunda-feira Ali Larijani, conselheiro do líder supremo da república islâmica, o aiatolá Ali Khamenei.
Irã e Estados Unidos, aliados próximos durante a monarquia dos Pahlavi, não mantêm relações diplomáticas desde 1980, um ano após a Revolução Islâmica. Ambos os países trocam informações de forma indireta por meio da embaixada da Suíça em Teerã. O sultanato de Omã e o Catar também desempenharam papéis de mediadores no passado.