Presidentes da América Latina participam nesta quarta-feira (9) em Honduras de uma reunião de cúpula da Celac, que a China aproveitará para intensificar seus laços com a região, com a guerra comercial do americano Donald Trump como pano de fundo.
A IX Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) reúne 33 países, mas apenas 11 chefes de Estado ou Governo participam do encontro, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a mexicana Claudia Sheinbaum e o colombiano Gustavo Petro.
Os demais países serão representados por chanceleres ou funcionários de alto escalão na reunião, que acontece uma semana após Trump anunciar tarifas mais duras do que o esperado e que abalaram os mercados.
A proposta mexicana será "diversificar" seus "mercados", antecipou Sheinbaum.
A presidente de Honduras, Xiomara Castro, abrirá a reunião às 10h00 locais (13h00 de Brasília) e encerrará o evento sete horas depois, segundo o programa oficial.
- Presença de China -
Em meio à guerra comercial desencadeada por Trump, uma delegação chinesa liderada por Qu Yuhui, o número dois de Assuntos Latino-Americanos do Ministério das Relações Exteriores do país asiático, mantém encontros bilaterais com delegados de 15 países desde segunda-feira.
Pequim planeja organizar uma conferência ministerial entre a China e a Celac em 13 de maio em Pequim. "Nosso presidente Xi Jinping estará presente na abertura e fará um discurso", disse Qu em uma reunião bilateral.
A delegação chinesa programou encontros com Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México, Panamá, Suriname, Uruguai, Venezuela, Bahamas, Barbados e São Vicente e Granadinas, segundo fontes diplomáticas.
"A China tenta aumentar suas relações com todos os países em pé de igualdade, pleno respeito e benefício mútuo, incluindo os membros da Celac", disse à AFP o ex-diplomata panamenho Julio Yao.
- Gigantes regionais -
Trump anunciou tarifas de 10% às importações do Brasil, Colômbia, Argentina, Chile, Peru, Costa Rica, República Dominicana, Equador, Guatemala, Honduras e El Salvador. Para a Venezuela são de 15% e Nicarágua 18%.
O México não foi incluído na lista de Trump, mas enfrenta tarifas de 25% para o setor automotivo, além de taxas para o aço e o alumínio.
"Neste contexto, a China tem a mesa servida para aumentar sua influência na América Latina, é um presente dos Estados Unidos", disse à AFP o analista peruano de Relações Internacionais Francisco Belaunde.
"A China quer aparecer agora como um parceiro confiável, que é favorável ao livre comércio, quer aproveitar a confusão gerada por Trump e o incômodo de todos os países com as tarifas", acrescentou.
Apesar da presença de apenas 11 chefes de Estado ou de Governo, a reunião contará com a participação de Lula e Sheinbaum, líderes das duas maiores economias latino-americanas, além do colombiano Petro, cujo país tem o quarto maior PIB da região.
"O fundamental é que estarão os três principais países (Brasil, México e Colômbia), que têm capacidade de enfrentar a questão das tarifas", declarou à AFP o reitor da Universidade para a Paz da Costa Rica, Francisco Rojas.
"A cúpula pode ser importante porque poderia gerar um diálogo diante da situação global", acrescentou.
A terceira maior economia do bloco, a Argentina do ultraliberal Javier Milei, enviará um representante.
* AFP