
Os irmãos Menéndez comparecerão a um tribunal de Los Angeles nesta quinta (17) e sexta-feira (18) para tentar alterar a sentença de prisão perpétua pelo assassinato dos pais, em 1989.
Lyle e Erik buscam uma revisão da pena, o que permitiria a libertação após passarem mais de 30 anos na prisão pelo assassinato de José Enrique e Kitty Menéndez, em sua mansão em Beverly Hills.
A audiência começa às 13h30min, no horário de Brasília (9h30min no horário local).
Caso "abalou" os EUA nos anos 1990
Inicialmente, os irmãos disseram que suspeitavam que a máfia estivesse por trás do crime sangrento, já que seu pai era um poderoso executivo da música.
No entanto, durante julgamento, que contou com grande cobertura da imprensa, a equipe de defesa os retratou como vítimas de um pai violento e de uma mãe negligente.
Foi admitido, então, que eles cometeram o crime em legítima defesa, após anos de abuso psicológico e sexual.
A Promotoria os acusou de planejar o parricídio para obter uma herança avaliada em 14 milhões de dólares (R$ 82,3 milhões na cotação atual).
O júri inicial não conseguiu chegar a um veredicto unânime, mas em um segundo julgamento, foram condenados à prisão perpétua.
Série da Netflix

O caso ganhou fôlego na mídia em 2024, graças a uma minissérie e a um documentário lançados pela Netflix. Com isso, os irmãos Menéndez começaram uma nova cruzada legal pela libertação com apoio do público e familiares.
Seus apoiadores afirmam que Lyle, 57 anos, e Erik, 54, têm comportamentos prisionais exemplares e estão prontos para se reintegrar à sociedade.
A campanha também ganhou força no ano passado, quando o então promotor público de Los Angeles defendeu na Justiça uma nova sentença para os irmãos. Porém, o novo chefe do gabinete, Nathan Hochman, mudou a posição da Promotoria.
Perigo para a sociedade?
Hochman argumenta que os Menéndez não assumiram a responsabilidade pelo crime hediondo.
Assim, não haveria evidências adicionais para apoiar uma mudança na sentença ou um novo julgamento, outra via legal que a defesa considerou.
O promotor tentou retirar o pedido de modificação da sentença apresentado por seu antecessor. Porém, na última semana, o juiz Michael Jesic decidiu contra ele, o que permitiu uma nova audiência para revisar a sentença.
Audiência
A audiência começa na manhã desta quinta-feira (17) em Los Angeles e deve durar até sexta-feira (18). O objetivo é determinar se os Menéndez representam ou não "um perigo para a sociedade".
Não está fora de questão que os irmãos, que participaram virtualmente da última audiência, compareçam perante o juiz para defender seu caso, disse seu advogado, Mark Geragos, em um podcast na semana passada.
No entanto, ele enfatizou que a decisão não foi tomada, pois era uma aposta de alto risco.
Entenda a história dos irmãos Menendez
José Enrique Menéndez, pai de Joseph Lyle e Erik Galen, nasceu em Cuba, nos anos 1940, e se mudou para os Estados Unidos após a revolução comandada por Fidel Castro. Enquanto cursava a universidade, conheceu a futura esposa, Mary Louise "Katty" Andersen.
Os filhos, nascidos em 1968 e 1970, respectivamente, foram criados para serem campeões de tênis. José e Mary eram conhecidos por criarem um ambiente rígido e duro para a família. Ainda na infância, Lyle teria confidenciado a uma prima que a dupla sofria abusos sexuais, segundo as investigações.
Quando Menéndez se tornou um empresário de sucesso do ramo do entretenimento, a família se mudou para a luxuosa Beverly Hills, em Los Angeles. Os abusos, conforme os depoimentos, teriam continuado.
Lyle e Erik decidiram comprar espingardas e atirar várias vezes nos pais, em agosto de 1989. De início, a polícia não considerou os irmãos como possíveis culpados. No entanto, a dupla passou a chamar atenção por conta de alguns comportamentos, como gastos excessivos em acessórios de luxo e imóveis.
Julgamento e prisão
As provas necessárias para condenar os irmãos Menéndez foram obtidas a partir da quebra do sigilo profissional do psiquiatra que atendia os dois. Lyle e Erick foram presos em março de 1990.
Na defesa dos réus, afirmaram que agiram daquela maneira porque temiam pelas próprias vidas e não queriam seguir como vítimas de abuso sexual. Mesmo assim, a justiça americana os condenou à prisão perpétua, sem direito de liberdade condicional.
Depois de 22 anos separados, os irmãos se reuniram em 2018, quando Lyle foi transferido para a mesma prisão de Erik.