Gisèle Pelicot, que se tornou um ícone feminista após seu julgamento por estupro na França, processará a revista Paris Match por publicar "fotos roubadas" de sua vida privada, anunciou um de seus advogados nesta quinta-feira (17).
Em sua edição desta quinta-feira, o semanário publicou sete fotos dela com um homem apresentado como seu novo parceiro, passeando pelas ruas da cidade onde ela agora reside, de acordo com a revista.
"Toda vez que a privacidade de nossos clientes for violada, reagiremos e obteremos uma condenação", disse o advogado Antoine Camus à AFP.
"No final das contas, é muito chocante porque é a história de uma mulher cujo consentimento foi negado por 10 anos e cujo calvário foi evidenciado por cerca de 3.000 fotos e vídeos feitos sem seu conhecimento", disse Camus.
"Sofrer uma perseguição de paparazzi depois disso significa que você não entendeu nada desses quatro meses de julgamento!", ele acrescentou.
"É extremamente decepcionante porque eles não têm o menor interesse na mensagem transmitida por Gisèle Pelicot. A questão do consentimento e do livre-arbítrio é irrelevante para eles", lamentou.
Pelicot, de 72 anos, foi aplaudida internacionalmente no ano passado por sua coragem durante o julgamento de seu ex-marido, Dominique Pelicot, de mesma idade, por drogá-la para que depois fosse estuprada por dezenas de desconhecidos.
Gisèle Pelicot insistiu que o julgamento fosse público e renunciou ao seu direito ao anonimato.
O julgamento no sul da França foi concluído em dezembro com a condenação de 51 homens por estupro, incluindo Dominique Pelicot, que foi sentenciado a 20 anos de prisão.
Gisèle Pelicot foi nomeada uma das "100 Pessoas Mais Influentes de 2025" pela revista Time na quarta-feira.
"Hoje, ela se reconstrói e se concentra no livro para manter o controle sobre a história", explicou Camus, negando "qualquer contrato" para uma adaptação cinematográfica com a plataforma americana HBO, como relatou o Paris Match.
Em algumas fotos publicadas pela revista, ela é vista acompanhada por uma equipe profissional de vídeo em um mercado.
Contatada pela AFP, a revista Paris Match não respondeu até o momento.
* AFP