
O Instagram teria "muitas dificuldades" para crescer sem o Facebook, e o WhatsApp "não tinha ambição suficiente", afirmou, nesta quarta-feira (16), Mark Zuckerberg, em um tribunal de Washington para defender as decisões do grupo Meta de adquirir esses dois aplicativos.
Zuckerberg compareceu pelo terceiro dia consecutivo perante um tribunal em um caso no qual os Estados Unidos acusam a Meta de ter comprado Instagram e WhatsApp há mais de 10 anos para evitar a concorrência contra Facebook e Messenger.
Se o juiz do tribunal federal decidir a favor da Comissão Federal de Comércio (FTC na sigla em inglês), a empresa pode ser obrigada a se desfazer das duas plataformas.
Mark Zuckerberg garante que esses dois serviços não teriam atingido tanto sucesso entre os usuários sem os investimentos de sua companhia.
— É muito difícil chegar a este tamanho. Temos que inovar e resolver muitos problemas técnicos, organizacionais e jurídicos — argumentou ele sobre o Instagram, que conta com dois bilhões de usuários em todo o mundo.
Quando questionado, Zuckerberg negou que o crescimento da plataforma teria sido impossível sem a intervenção da empresa californiana.
— Impossível, certamente que não. Mas provável? Na realidade, não, respondeu.
Sobre o WhatsApp, ele disse que o aplicativo de mensagens era "tecnicamente impressionante", mas que seus fundadores "careciam de ambição".
Além de defender os interesses dos consumidores, o julgamento se desenvolverá sobre a definição do mercado.
A FTC diz que os serviços de Meta são parte das "redes sociais pessoais", que permitem às pessoas manter contato com familiares e amigos, e que a experiência piorou para os usuários, que são obrigados a tolerar muitos anúncios, por exemplo.
Zuckerberg nega que aquisições foram para "aniquilar as ameaças"
O julgamento começou na segunda-feira (14), cinco anos depois da denúncia apresentada durante o primeiro mandato do presidente Donald Trump, e espera-se que dure oito semanas.
Para a FTC, a Meta (então Facebook) adquiriu o Instagram em 2012 por US$ 1 bilhão (R$ 5,8 bilhões, na cotação atual) e o WhatsApp em 2014 por US$ 19 bilhões (R$ 111 bilhões, na cotação atual) com o objetivo de "eliminar as ameaças imediatas". Mark Zuckerberg, entretanto, voltou a rechaçar essa interpretação.
— Estávamos interessados na perícia (do Instagram) em fotografia e no intercâmbio de imagens, mas não víamos o aplicativo como uma rede real que competisse com o que estávamos fazendo naquele momento — disse.
O Facebook trabalhava em sua própria ferramenta de fotografia à época, e suas equipes avaliaram os prós e contras entre um desenvolvimento interno ou a aquisição.
— A intenção nunca foi deixar de oferecer o Instagram a seus usuários ou torná-lo pior — disse.
Concorrência do TikTok e do Youtube
A companhia do Vale do Silício garante enfrentar uma concorrência feroz de outras plataformas populares importantes. Diante da ascensão meteórica do TikTok, Zuckerberg disse o "crescimento desacelerou drasticamente".
Seu grupo respondeu com o "Reels", vídeos curtos com o mesmo formato que deu ao aplicativo chinês seu tremendo sucesso, o que, segundo ele, não foi suficiente.
— O TikTok continua sendo maior que Facebook ou Instagram, e não me agrada que nossos competidores estejam melhores que nós — afirmou.
O YouTube é o outro grande rival da Meta em termos de usuários, mas também na atração de criadores de conteúdo, que se tornaram imprescindíveis para todas as redes sociais, segundo o executivo.
— Especialmente nos últimos 10 anos, o vídeo se tornou o principal meio para expressar e consumir conteúdo on-line. O YouTube tem um sistema muito bem desenhado para os criadores, é um competidor importante para nós — afirmou.