Treze milhões de pessoas foram obrigadas a fugir de seus lares desde o início da guerra no Sudão, alertou a ONU nesta segunda-feira (14), quando o conflito entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido (FAR) entra em seu terceiro ano.
O Sudão, o terceiro país mais extenso da África, está sendo devastado desde 15 de abril de 2023 por uma violenta guerra entre o Exército do general Abdel Fattah al-Burhane, dirigente 'de facto' do país desde o golpe de Estado de 2021, e os paramilitares das FAR, dirigidas por seu ex-subordinado imediato, o general Mohammed Hamdane Daglo.
O conflito causou dezenas de milhares de mortos e mergulhou algumas regiões do país na fome extrema.
"O conflito provocou o deslocamento de 13 milhões de pessoas, das quais 8,6 milhões de deslocados internos e 3,8 milhões de refugiados", declarou à AFP o diretor regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Abdurauf Gnon-Kondé, ao retornar de uma visita ao país africano.
O funcionário da ONU detalhou que "88% são mulheres e crianças que fogem para buscar segurança".
Na véspera do segundo aniversário da guerra, a situação é particularmente crítica no oeste do país, em Darfur Norte, onde as FAR lançaram na semana passada uma nova ofensiva para tomar El-Facher, última capital provincial de Darfur ainda controlada pelo Exército.
Segundo fontes próximas à ONU, mais de 400 pessoas morreram nessa ofensiva.
No domingo, os paramilitares anunciaram que tomaram o controle do acampamento de Zamzam, situado na vasta região de Darfur e que abrigava mais de 500 mil refugiados antes da investida, segundo a ONU.
Desde então, cerca de 400 mil pessoas, ou seja, "entre 60 e 80 mil famílias", foram obrigadas a fugir do acampamento "por causa da insegurança crescente", indicou nesta segunda a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A guerra dividiu o país: o Exército controla o norte e o leste, e os paramilitares dominam o sul e o oeste, especialmente Darfur.
* AFP