
Aliados ocidentais da Ucrânia, países como Alemanha, França e Inglaterra pediram que a Rússia responda à proposta de cessar-fogo imediato de 30 dias apresentada pelos Estados Unidos e aceita pelo governo ucraniano após negociações na Arábia Saudita. Diversos líderes de potências ocidentais se pronunciaram nesta quarta-feira (12).
"A ideia de um cessar-fogo de 30 dias é um passo importante e correto em direção a uma paz justa para a Ucrânia (...) Agora cabe a (o presidente russo Vladimir) Putin", publicou o chanceler alemão Olaf Scholz na rede social X.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, também falou em "progresso significativo" nas negociações, enquanto a sua colega italiana, Giorgia Meloni, insistiu que "a decisão agora depende da Rússia".
O presidente da França Emmanuel Macron, que sugeriu a presença de forças europeias na Ucrânia, comemorou o progresso feito na reunião de Jidá na terça-feira (11), mas insistiu que Kiev precisa de garantias de segurança sólidas em qualquer cessar-fogo.
Resposta da Rússia
O Kremlin disse que ainda espera que os Estados Unidos compartilhe os detalhes do plano acordado durante a reunião com representantes do governo ucraniano na Arábia Saudita.
"Esperamos que o secretário de Estado (Marco) Rubio e o conselheiro (Michael) Walz nos informem por vários canais nos próximos dias sobre as negociações que ocorreram e os acordos alcançados", disse o porta-voz presidencial russo Dmitry Peskov.
Após a reunião de terça-feira em Jidá, Marco Rubio reiterou que o cessar-fogo dependente apenas da Rússia no momento.
— Agora levaremos esta oferta aos russos e esperamos que digam sim à paz. Agora a bola está com eles — disse.
O que diz o governo ucraniano
Andrii Yermak, assessor de Zelensky, disse que a Ucrânia deixou claro que busca a paz.
— A Rússia tem de dizer muito claramente se quer paz ou não, se quer acabar com esta guerra que eles começaram ou não — afirmou à imprensa.
A resposta positiva da Ucrânia à proposta levou o governo do presidente norte-americano Donald Trump a retirar a suspensão da ajuda militar, que o magnata republicano havia imposto.
Retomada de assistências
Após mais de três anos de guerra, a Ucrânia apresentou uma proposta de cessar-fogo parcial na esperança de que Washington restabelecesse a assistência militar que Donald Trump havia suspendido. Rubio disse que as remessas militares e o intercâmbio de inteligência, interrompidos após uma reunião desastrosa em 28 de fevereiro entre Trump e Zelensky, seriam retomados imediatamente.
A Polônia informou nesta quarta-feira que os equipamentos militares norte-americanos que chegam através do centro logístico de Jasionka "voltaram aos níveis anteriores". Segundo dados das autoridades de Varsóvia, até 95% da ajuda ocidental passa pelo país.
Trump também disse que estava disposto a receber novamente o colega ucraniano na Casa Branca e que provavelmente falaria com Putin nesta semana. Questionado por um jornalista sobre as perspectivas de um cessar-fogo completo na Ucrânia, o republicano afirmou que "gostaria de ver isso".
— Espero que seja nos próximos dias. Gostaria de ver isso. Sei que temos uma grande reunião com a Rússia amanhã e esperamos boas negociações —comentou, sem dar mais detalhes.
Ataques na Ucrânia
Horas após a Ucrânia concordar com o cessar-fogo, a Rússia realizou dois bombardeios ao território do país. Duas pessoas morreram durante os ataques e ao menos 15 ficaram feridas. O primeiro, na noite de terça-feira, deixou uma vítima na capital Kiev. Outro bombardeio foi registrado durante a madrugada de quarta, na cidade de Kryvyi Rih, na região central da Ucrânia, que resultou na morte de uma mulher.
Horas antes do encontro pelas negociações de paz, a Ucrânia também atacou o território russo. Duas pessoas morreram após a maior ofensiva de Kiev com drones contra a Rússia.