O governo do Panamá afirmou nesta quinta-feira (13) que seguirá "firme" na defesa de sua soberania, depois que a NBC News informou que o presidente Donald Trump considera "aumentar" a presença militar dos Estados Unidos no país para recuperar o canal interoceânico.
A NBC News, citando dois funcionários norte-americanos não identificados, afirmou que, com esse objetivo, "a Casa Branca ordenou às Forças Armadas dos Estados Unidos que elaborem opções para aumentar a presença de tropas norte-americanas no Panamá".
A AFP entrou em contato com o Pentágono e a Casa Branca para verificar a informação, mas até o momento não obteve resposta.
"Em relação a essas afirmações, não tenho mais nada a dizer além de que o Panamá se mantém firme na defesa de seu território, de seu canal e de sua soberania", declarou o chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha, a jornalistas.
Segundo a NBC News, "o Comando Sul dos Estados Unidos está desenvolvendo planos potenciais que variam desde uma parceria mais estreita com as forças de segurança panamenhas até a opção menos provável de que as tropas norte-americanas tomem o canal do Panamá à força".
A notícia da NBC News sobre um possível aumento da presença militar no Panamá causou surpresa, já que não há tropas dos Estados Unidos no país há 25 anos.
O último soldado norte-americano deixou o território panamenho em 31 de dezembro de 1999, data em que a via interoceânica passou para as mãos do Panamá e desapareceu a Zona do Canal, o enclave norte-americano onde estavam localizadas as bases militares.
Embora os acordos assinados em 1977 para a transferência do canal permitam que os Estados Unidos defendam a via em caso de ameaças, Martínez-Acha destacou que isso só pode ocorrer a pedido do governo panamenho.
A tensão entre os dois países aumentou desde que, em dezembro passado, Trump afirmou que "vai recuperar" a via marítima construída pelos Estados Unidos e inaugurada em 1914. Ele chegou a dizer que não descarta o uso da força para esse fim e denunciou uma suposta interferência chinesa no canal, algo que o Panamá nega.
"Que fique claro, o canal é dos panamenhos e continuará sendo", enfatizou Martínez-Acha.
"O canal é operado pelos panamenhos e, em caso de ameaça, os únicos que podem convocar outras nações para defender a operatividade do canal somos nós, é o presidente da República do Panamá", acrescentou.
Os Estados Unidos invadiram o Panamá em 1989 para capturar o ditador Manuel Antonio Noriega, a quem acusavam de tráfico de drogas, mas iniciaram o fechamento gradual de suas bases militares no país em 1994.
Antes de entregar o canal, os Estados Unidos propuseram instalar no Panamá um "Centro Multilateral Antidrogas", com navios e aviões para patrulhamento marítimo, mas a proposta foi rejeitada pelo governo panamenho da época.
* AFP