O líder da oposição israelense afirmou, neste sábado (22), que convocará uma greve geral se o governo desobedecer uma decisão da Suprema Corte para suspender a demissão do chefe do Shin Bet, o serviço de inteligência e segurança interna.
Se o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "decidir desobedecer decisão da Corte, se tornará um governo à margem da lei", disse Yair Lapid, do partido de centro direita Yesh Atid, diante de milhares de manifestantes reunidos em um protesto em Tel Aviv.
"Se isto ocorrer, todo o país deveria entrar em greve", acrescentou.
Em uma demonstração da transversalidade do movimento, os manifestantes exibiam cartazes com mensagens como "Chega de sangue derramado" ou "Chega de guerra" para pedir a volta dos reféns que continuam cativos na Faixa de Gaza, em meio a um mar de bandeiras israelenses.
A Suprema Corte de Israel suspendeu na sexta-feira a decisão do governo de demitir o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, para poder examinar os recursos apresentados contra sua destituição.
A oposição, que apresentou um dos recursos, diz que Bar ficou na mira de Netanyahu depois de criticar o governo pela falha de segurança que permitiu o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
O tribunal quer examinar até 8 de abril os recursos de apelação apresentados contra a destituição.
No entanto, Netanyahu declarou, neste sábado, que "Bar não permanecerá como diretor do Shin Bet".
"Não haverá uma guerra civil e Israel seguirá sendo um Estado democrático", afirmou o primeiro-ministro em um vídeo no qual desafiou o pronunciamento da Corte.
Parte da opinião pública israelense denuncia esta ação do governo como uma guinada autoritária de parte de Netanyahu, que convocou seu gabinete no domingo para iniciar um processo de destituição contra a procuradora-geral, Gali Baharav-Miara.
Baharav-Miara, que legalmente é assessora jurídica do governo, advertiu Netanyahu que a decisão da Suprema Corte o "proíbe" temporariamente de nomear um novo chefe para o Shin Bet.
* AFP