
Um fotojornalista argentino ficou gravemente ferido e está em tratamento intensivo após ser atingido, na cabeça, por uma bomba de gás lacrimogêneo. O material teria sido jogado pela polícia enquanto ele registrava um protesto. A manifestação, que ocorreu na quarta-feira (12) em Buenos Aires, foi realizada por aposentados contra políticas do Governo de Javier Milei.
Um representante do executivo lamentou o caso, que chamou de "acidente não previsto". Durante as manifestações, que reivindicam melhores condições de renda a idosos e pensionistas, houve confrontos violentos com a polícia que resultaram em mais de cem pessoas presas e pelo menos 45 feridas. (veja vídeos abaixo)
O homem, identificado como Pablo Grillo, 35 anos, um fotojornalista independente, foi ferido enquanto se aproximava de uma barricada para tirar fotos.
Ele foi levado a um hospital em Buenos Aires para ser operado. Seu pai, Fabían Grillo, disse que a cirurgia "salvou a vida dele", que "agora vem a possível recuperação" e que os médicos fariam outra intervenção durante o dia "para medir a pressão no outro lado do cérebro".
Em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (13), o prefeito de Buenos Aires, Jorge Macri, disse que Grillo está "lutando entre a vida e a morte" e enviou apoio às famílias de todos os afetados.
O chefe de gabinete da Argentina, Guillermo Francos, referiu-se ao caso de Grillo nesta quinta e disse que tentará esclarecê-lo.
— É verdade que esse tipo de episódio gera essas consequências, esses acidentes imprevistos. É um fato muito lamentável, só posso fazer esse comentário porque não conheço os detalhes — disse.
Tumulto
O prefeito da capital argentina acusou "grupos violentos altamente organizados" de terem provocado os tumultos e disse que houve 260 milhões de pesos (cerca de US$ 240 mil ou R$ 1,3 milhão na cotação atual) em danos.
De acordo com Macri, a polícia prendeu 94 pessoas, 20 policiais ficaram feridos, assim como outras 25 pessoas, incluindo Grillo.
A agitação começou no meio da tarde, quando os manifestantes desafiaram os cordões de isolamento da polícia para liberar as estradas em frente ao Congresso.
Por volta da meia-noite em Buenos Aires, os moradores bateram em panelas espontaneamente em repúdio ao governo de Milei. Até mesmo grupos de dezenas de pessoas se mobilizaram novamente em direção ao centro da cidade.
A Associação de Repórteres Gráficos da Argentina (Argra), onde Grillo estudou, condenou as ações das forças de segurança e exigiu que o presidente, Javier Milei, removesse Patricia Bullrich, ministra da segurança da Argentina, e seus subordinados do cargo e os levasse à justiça.
Protestos violentos
Enquanto os manifestantes atiraram pedras e incendiaram contêineres de lixo, a polícia respondeu com spray de pimenta, gás de efeito moral e balas de borracha.
O ato foi apoiado por centenas de torcedores dos times de futebol argentinos, organizações sociais e sindicatos. Os incidentes na manifestação contra o governo de Javier Milei começaram pouco antes das 17h, no horário local.
Torcedores barrabravas de pelo menos 30 clubes de futebol, entre outros manifestantes, desafiaram os cordões policiais que tentavam limpar a avenida em frente ao Congresso, de acordo com o jornal Clarín.
Parte dos idosos que protestaram por melhores condições de renda ganham a aposentadoria mínima, de 279 mil pesos argentinos, cerca de R$ 1,5 mil, com um bônus de reforço de 70 mil pesos (R$ 380).
Para não ficar abaixo da linha de pobreza na Argentina, de acordo com Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do país (Indec), um adulto precisa de pelo menos 334 mil pesos argentinos, ou o equivalente a R$ 1,6 mil.