
Um homem foi detido por "homicídio involuntário" após a colisão entre um petroleiro e um cargueiro no Mar do Norte, informou nesta terça-feira (11) a polícia de Humberside, no nordeste da Inglaterra.
De acordo com as autoridades, o preso é suspeito de ter responsabilidade devido à negligência grave pelo acidente que causou a colisão de dois navios na manhã de segunda-feira (10) próximo ao estuário Humber, em Hull, na Inglaterra.
"Prendemos um homem de 59 anos sob suspeita de homicídio involuntário por negligência grave em relação à colisão", anunciou a polícia em um comunicado, sem fornecer mais detalhes.
Um tripulante do navio porta-contêineres, chamado Solong, de Portugal, desapareceu após o acidente. Para o governo britânico, a morte dele é provável:
— Nossa suposição é que, infelizmente, o marinheiro faleceu — disse o secretário de Estado do Transporte Marítimo, Mike Kane, no Parlamento.
O anúncio da prisão ocorreu enquanto o incêndio continuava após o choque entre os navios, gerando temores de um desastre ecológico na região. No entanto, o governo britânico afirmou que, até o momento, não há sinais de contaminação, mas a situação segue sendo monitorada.
O governo britânico também defendeu a tese de que a colisão foi um acidente:
— Pelo que entendemos, não há razão para acreditar que isso tenha sido um ato criminoso — declarou um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Navio "surgiu do nada"
Mike Kane afirmou que o incêndio no petroleiro "parece estar extinto". Porém, a Guarda Costeira britânica informou que "o cargueiro continua em chamas, enquanto o fogo a bordo do petroleiro diminuiu consideravelmente".
O cargueiro "se separou" do petroleiro na noite de segunda-feira e começou a ir para o sul, acrescentou a mesma fonte.
O petroleiro Stena Immaculate, fretado pelo exército dos Estados Unidos, estava ancorado a cerca de 15 quilômetros da cidade de Hull quando foi atingido pelo porta-contêineres, em circunstâncias ainda desconhecidas.
O porta-contêineres Solong "surgiu do nada", relatou um membro da tripulação do petroleiro à BBC.
A colisão causou um grande incêndio. Um dos tanques do Stena Immaculate, que continha querosene, se rompeu, provocando um vazamento e aumentando os temores de impactos ambientais significativos.
— Embora o foco principal seja conter o fogo, a contaminação resultante do acidente pode se espalhar amplamente, dependendo das correntes e das ondas, com risco de afetar essas áreas protegidas — alertou Daniela Schmidt, professora de ciências da Universidade de Bristol.
O proprietário alemão do cargueiro, que navega sob bandeira portuguesa, negou que o navio transportasse contêineres carregados com cianeto de sódio, rebatendo informações do site Lloyd's List Intelligence, especializado em transporte marítimo.
"Podemos confirmar que não há contêineres carregados com cianeto de sódio a bordo, como foi erroneamente informado", declarou a empresa de navegação alemã Ernst Russ em um comunicado.
Um porta-voz de Downing Street afirmou que a situação ambiental era "extremamente preocupante".
"Perigos tóxicos"
A ONG Greenpeace alertou sobre os "múltiplos perigos tóxicos" do acidente "para a vida marinha".
A Guarda Costeira britânica informou que "o Ministério do Meio Ambiente confirmou que a qualidade do ar ao nível do solo está atualmente dentro dos limites normais para as condições meteorológicas".
O petroleiro Stena Immaculate pertence à empresa sueca Stena Bulk e havia partido em 27 de fevereiro do porto grego de Agioi Teodori, com destino a Killingholme, no norte da Inglaterra.
De acordo com o site Lloyd's List Intelligence, transportava 220 mil barris de querosene.
Um porta-voz militar dos Estados Unidos informou que o petroleiro estava fretado "temporariamente pelo Military Sealift Command", um serviço das forças armadas que opera navios com tripulação civil para o Departamento de Defesa.
O porta-contêineres havia partido na manhã de segunda-feira do porto escocês de Grangemouth em direção à cidade holandesa de Roterdã.