A ministra britânica das Finanças, a trabalhista Rachel Reeves, anunciou, nesta quarta-feira (26), no Parlamento um corte orçamentário de bilhões de libras, para equilibrar as contas e reforçar o tesouro público ante as dificuldades econômicas.
"A crescente incerteza global teve duas consequências. A primeira em nossas finanças públicas e a segunda em nossa economia", disse Reeves em um discurso orçamentário muito esperado ante o Parlamento britânico, no qual revelou uma previsão drasticamente revisada para baixo para o crescimento do país este ano.
O governo trabalhista do primeiro-ministro Keir Starmer está navegando em águas turbulentas. Além de um crescimento lento, deve lidar com as altas taxas do endividamento britânico, o anunciado aumento do gasto militar e as ameaças de Donald Trump de uma guerra comercial.
Devido a isso, o governo britânico reduziu à metade sua previsão de crescimento para 2025.
A agência orçamentária pública, OBR, anunciou nesta quarta-feira uma previsão de crescimento de 1% em 2025, uma queda significativa em relação aos 2% previstos para o final de outubro.
O custo total do arrocho detalhado por Reeves nesta quarta-feira pode chegar aos 14 bilhões de libras, provocando protestos da oposição conservadora, e viria da assistência social, dos custos do funcionamento da administração central e, em menor medida, da fraude fiscal.
Cinco bilhões de libras anuais serão cortados em ajudas a pessoas deficientes ou doentes, os aumentos previstos do gasto público serão reduzidos em 6,1 bilhões de libras e os custos operacionais da administração central em 15%, com a eliminação de 10.000 postos de trabalho do funcionalismo público.
Segundo Reevesm as reformas implementadas pelo governo "aumentarão o nível do Produto Interno Bruto (PIB)" a longo prazo.
Nesse sentido, a OBR está mais otimista sobre os próximos anos e aumenta ligeiramente sua previsão de crescimento para 2026 (1,9%) e anos seguintes.
Mas os cortes orçamentários são difíceis de digerir para muitos parlamentares trabalhistas, especialmente porque o governo de centro-esquerda já havia tomado a controversa decisão de diminuir, antes do inverno, uma ajuda para os gastos de calefação dos aposentados.
Nesta quarta-feira, 200 manifestantes se reuniram em frente a Downing Street, gritando "financiem a assistência social, não a guerra" e "taxem os ricos, não cortem" as ajudas, constatou um jornalista da AFP.
* AFP