Chefes do Estado-Maior de cerca de 30 países se reúnem no Reino Unido, nesta quinta-feira (20), para falar sobre como manter a paz na Ucrânia caso seja pactuada uma trégua com a Rússia.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que organizou esta cúpula militar, está trabalhando com o presidente francês, Emmanuel Macron, para construir uma "coalizão de países voluntários" e assegurou, nesta quinta, que qualquer acordo de paz deve ser "defendido" frente à Rússia.
"Se há um acordo, é preciso defendê-lo porque no ano passado houve acordos que não incluíam cláusulas de segurança e [Vladimir] Putin não os levou em conta", disse Starmer à Sky News, em alusão ao presidente russo.
A questão ucraniana e a defesa europeia frente à ameaça russa também estarão na agenda da cúpula da UE desta quinta em Bruxelas, a terceira de chefes de Estado em seis semanas.
Ao mesmo tempo, o Kremlin denunciou "planos de militarizar a Europa", através de seu porta-voz, Dmitri Peskov.
Os diálogos em Londres coincidem com novos ataques mútuos com drones e a visita do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, a Oslo.
Em caso de trégua, Starmer e Macron têm um plano para enviar tropas à Ucrânia no âmbito de uma força de paz.
Segundo o governo britânico, um "número significativo" de países estão dispostos a fazer o mesmo, sem dar números concretos.
Putin condiciona qualquer trégua ao fim da ajuda militar à Ucrânia e também rejeita a presença de tropas estrangeiras no país como parte de um acordo.
Starmer e Macron tentam formar esta coalizão desde que o presidente americano, Donald Trump, iniciou conversas com a Rússia no mês passado, sem integrar seus parceiros europeus, em uma tentativa de pôr fim a três anos de guerra.
Ambos querem estabelecer garantias de segurança com apoio americano que dissuadam Putin de violar qualquer trégua.
- Putin pede fim do "rearmamento" -
Durante um telefonema com seu contraparte americano, na última terça-feira, o presidente russo concordou em suspender os ataques às infraestruturas energéticas na Ucrânia por 30 dias, mas não se comprometeu com um cessar-fogo completo.
Putin exigiu o fim do "rearmamento" da Ucrânia e a suspensão da ajuda ocidental ao governo de Zelensky.
Depois, Trump falou com Zelensky por telefone na quarta-feira e propôs que os Estados Unidos assumam o controle das centrais elétricas nucleares na Ucrânia, afirmando que seria a "melhor proteção e apoio possível", ao que a Ucrânia se opõe.
Os Estados Unidos parecem ter baixado o tom em comparação com a hostilidade com que recentemente o presidente ucraniano foi recebido por Trump.
O presidente americano manteve uma conversa "fantástica" por telefone com seu contraparte ucraniano, afirmou a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.
Zelensky, por sua vez, falou no X de um intercâmbio "positivo, substancial e franco", assegurando que não tinha sofrido "nenhuma pressão" por parte de Trump para lhe tirar concessões.
O presidente ucraniano pediu à UE, nesta quinta, que mantenha vigentes suas sanções até que a Rússia se retire do território ucraniano.
"As sanções devem permanecer até que a Rússia comece a se retirar da nossa terra e compense o dano causado por sua agressão", disse aos dirigentes europeus por videoconferência.
No terreno, a Rússia anunciou, também nesta quinta, que derrubou 132 drones ucranianos sobre seu território durante a noite, em um ataque que feriu duas pessoas e causou um incêndio em uma base aérea militar.
A Ucrânia, por sua vez, informou que a Rússia disparou 171 drones durante a madrugada de quarta para quinta-feira e acrescentou ter derrubado 75 deles, enquanto os demais não causaram danos.
* AFP