
Donald Trump afirmou ter tido uma conversa “produtiva” com Vladimir Putin, na última sexta-feira (14). Durante o diálogo, pediu que o presidente da Rússia poupasse a vida de soldados ucranianos cercados na região russa de Kursk. Em resposta, Putin exigiu que as tropas ucranianas presentes no local se rendessem.
O problema dessa troca de declarações é que analistas independentes e militares ucranianos desconhecem qualquer cerco às tropas em Kursk. Até mesmo blogueiros militares russos questionaram a narrativa, afirmando que "não há sinais de um cerco visível".
Apesar das controvérsias, o russo insistiu na versão:
— Para que o pedido de Trump seja efetivamente implementado, os líderes da Ucrânia precisa ordenar que suas unidades militares deponham as armas e se rendam em Kursk — disse Putin, em discurso televisionado.
Lista de requisitos
Além da rendição dos ucranianos em Kursk, o Kremlin informou que Putin entregou uma série de mensagens ao enviado especial de Trump, Steve Witkoff, para serem transmitidas ao presidente dos EUA. Witkoff esteve em Moscou na quinta-feira (13) para apresentar formalmente uma proposta de cessar-fogo na Ucrânia.
O próximo passo, segundo o Kremlin, seria uma nova conversa entre Trump e Putin — o que, na visão de europeus e ucranianos, se trata de uma estratégia russa para prolongar a guerra e conquistar mais território antes de negociar um acordo de paz.
Estratégia russa
A relutância da Rússia em aceitar um cessar-fogo de 30 dias demonstra a falta de urgência em interromper a guerra. Embora o Kremlin afirme que Putin "concorde" e seja "solidário" com a proposta de Trump, ele exige uma série de pré-condições. Entre elas, a devolução de Kursk, a definição de quem supervisionará o cessar-fogo e outros critérios já conhecidos como o veto à entrada da Ucrânia na Otan, a desmilitarização do país e o reconhecimento da soberania russa sobre territórios ocupados.
A falta de um sinal verde imediato de Putin à proposta americana provocou reações. O chanceler da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou que as declarações da Rússia sobre o plano de cessar-fogo mostram que o Kremlin "deseja continuar a guerra". O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que as exigências russas apenas "complicam e arrastam o processo".
— A Rússia é a única parte que quer que a guerra continue e as negociações sejam interrompidas — disse Zelensky.
Conquista
Outra explicação possível para a falta de interesse de Putin no cessar-fogo está em relatórios da inteligência dos EUA, analisados e divulgados pelo Washington Post nesta sexta-feira (14). Os documentos indicam que a Rússia ainda mantém o seu objetivo maximalista: o domínio total da Ucrânia.