A Rússia rejeitou nesta quarta-feira (12) uma troca de territórios ocupados com a Ucrânia, como parte de um possível acordo de paz, após um bombardeio letal contra Kiev que deixou um morto.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, citou na terça-feira a ideia de uma troca de territórios com a Rússia, após quase três anos de conflito.
No entanto, após um bombardeio russo com drones e mísseis que atingiu Kiev na madrugada desta quarta-feira, Zelensky afirmou que o Kremlin não está interessado em uma preparação para a paz.
Várias explosões foram registradas na capital ucraniana. Correspondentes da AFP observaram o corpo de uma pessoa em uma rua cheia de escombros.
Zelensky declarou que está disposto a abandonar as áreas tomadas por suas tropas na região russa de Kursk, em troca dos territórios ucranianos ocupados por Moscou, em uma entrevista ao jornal britânico The Guardian publicada na terça-feira.
O Kremlin rejeitou a proposta e afirmou que é "impossível".
"A Rússia nunca discutiu e nunca discutirá a troca de seu território", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O porta-voz acrescentou que as forças ucranianas em território russo serão "destruídas" ou expulsas.
- Bombardeio contra Kiev -
O conflito deixou centenas de milhares de mortos e feridos em quase três anos. Nesta quarta-feira, Zelensky anunciou que uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas, incluindo uma criança, em um bombardeio em Kiev que atingiu vários edifícios residenciais, prédios comerciais e infraestruturas civis.
O presidente russo, Vladimir Putin, "não está se preparando para a paz, continua matando ucranianos e destruindo as cidades", escreveu Zelensky nas redes sociais após o ataque.
"Somente com medidas firmes e pressão sobre a Rússia será possível conter o terror. No momento, precisamos da unidade e do apoio de todos os nossos aliados na luta por um fim justo da guerra", acrescentou o chefe de Estado ucraniano.
O Ministério da Defesa da Rússia informou que o bombardeio com mísseis visava fábricas de produção de drones na Ucrânia e que o ataque "atingiu todos os alvos".
Quase três anos após o início da invasão russa, a Ucrânia enfrenta dificuldades na linha de frente e incerteza sobre a continuidade da ajuda vital dos Estados Unidos com o retorno do republicano Donald Trump à Casa Branca.
Nas últimas semanas, Ucrânia, Rússia e Estados Unidos fizeram declarações que apontam para a possibilidade de uma negociação para acabar com o conflito.
Zelensky se reunirá na sexta-feira (14) com o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, à margem de uma conferência de segurança em Munique, Alemanha.
Trump prometeu acabar rapidamente com a guerra na Ucrânia em seu retorno à Casa Branca. No governo de seu antecessor, o democrata Joe Biden, os Estados Unidos concederam bilhões de dólares em ajuda a Kiev.
O enviado especial dos Estados Unidos, Keith Kellogg, encarregado de elaborar uma proposta para o fim do conflito, visitará a Ucrânia na próxima semana.
- Troca entre Rússia e EUA -
Trump recebeu na terça-feira, na Casa Branca, Marc Fogel, um americano que foi preso na Rússia em 2021 sob a acusação de posse de drogas. Ele foi libertado por Moscou e retornou a seu país depois de uma negociação do emissário americano Steve Witkoff.
O presidente republicano afirmou que a Rússia agiu "muito bem" na libertação de Fogel e disse esperar que seja "o começo de uma relação para poder acabar com essa guerra".
O porta-voz do Kremlin afirmou que as partes concordaram com a libertação de Fogel em troca do retorno à Rússia de um cidadão russo detido nos Estados Unidos, que terá a identidade divulgada quando estiver no país.
Peskov indicou que "é pouco provável que este tipo de acordo seja um ponto de mudança (na resolução do conflito na Ucrânia)", mas disse que pode "ser um elemento para reforçar a confiança" entre Moscou e Washington, que atualmente está em seu pior nível.
* AFP