As autoridades líbias encontraram os corpos de 28 migrantes subsaarianos em uma vala comum em Kufra, no sudeste do país, perto de um centro de detenção "ilegal", informou o gabinete do procurador-geral neste domingo (9).
Os corpos foram descobertos após uma operação das forças de segurança em um centro de detenção gerido por uma rede de traficantes, onde havia 76 migrantes "sequestrados", todos de origem subsaariana, assinalou a fonte.
Uma investigação identificou a existência de um "grupo cujos membros sequestravam migrantes em situação irregular, os torturavam e submetiam a tratamento cruel, degradante e desumano", acrescentou a Procuradoria.
Três pessoas foram detidas, um líbio e dois estrangeiros, detalhou.
Imagens publicadas neste domingo nas redes sociais mostram indivíduos extenuados com cicatrizes nos rostos, nas extremidades e nas costas.
A Líbia fica a cerca de 300 km da costa italiana e se tornou um dos principais centros de tráfico humano do continente.
Dezenas de milhares de migrantes da África Subsaariana passam por esse território com o objetivo de chegar à Europa através do Mar Mediterrâneo.
Mas, durante esse percurso, muitos caem nas mãos de traficantes.
A Líbia vive uma crise política e de segurança desde a queda de Muammar Kadafi em 2011 após uma revolta popular.
Desde então, é governada por dois Poderes Executivos rivais, um em Trípoli, no oeste e reconhecido pela ONU, e outro em Benghazi, no leste e apoiado pelo clã do general Khalifa Hafter.
No final de janeiro, o gabinete do procurador-geral, com sede em Trípoli, ordenou a prisão de dois integrantes de uma rede criminosa acusada de torturar 263 migrantes para obter resgates.
Em março de 2024, foi encontrada uma vala comum com "pelo menos 65 corpos de migrantes" no sudoeste do país, indicou a Organização Internacional de Migrações (OIM).
* AFP